Uma das mais tradicionais comitivas a participar da Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana é a Comitiva Rancho Bisturi e para falar dela, a reportagem da Gazeta de Vargem Grande entrevistou o veterinário Apohara Ranzani Avanzi, quem vem a ser filho e neto de destacados romeiros que tiveram grande importância na criação da romaria, como também na sua transformação em uma das principais festas religiosas de Vargem.
Apohara é filho da professora Célia Ranzani e também do professor José Luís Avanzi, o Goiaba, ambos falecidos e que fizeram parte da Comissão Organizadora da romaria no passado e neto dos pioneiros Ditão Ranzani e Sebastião Avanzi, o Tião Goiabeira, também falecidos e considerados dentre os fundadores da Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana.
Sobre a Comitiva Rancho Bisturi, Apohara disse que sua família realmente foi uma das primeiras que começou a se apresentar na romaria desfilando com uma comitiva. Contou que inicialmente as comitivas que tinham a presença de sua família eram temáticas.
“Todo ano tinha um tema, uma vez eles desfilaram lembrando o aniversário do Ginásio Alexandre Fleming, acho que nos 50 anos de fundação da escola. Teve também o tema sobre o filme Cangaceiro, tema sobre cigano, da paróquia, enfim, o pessoal organizava tudo e fazia”, lembrou.
Após a criação desta comitiva que tinha uma visão mais cultural, trazendo para a romaria vários temas ligados à cidade, Apohara disse que seus membros criaram a Comitiva Ditão Ranzani. Seu avô havia falecido e os membros da família resolveram homenagear o patriarca. Prosseguiu sua história dizendo que depois de várias romarias levando o nome de Comitiva Ditão Ranzani, passou-se a chamar Comitiva Rancho Bisturi, local onde são ministrados cursos e aulas e “onde os meninos que participam da comitiva têm de mexer com cavalo, prova equestre, essas coisas”.
O rancho pertence à família do dr. Antônio Carlos Ranzani, outro importante romeiro, filho de Ditão Ranzani e com uma longa história ligada à Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana.
Sobre o histórico da comitiva que participa, sua origem, o veterinário disse acreditar que sua mãe Célia Ranzani, juntamente com seu pai José Luís Avanzi, o Goiaba, juntamente com a professora Isa Ranzani e a jornalista Dora Avanzi, tia de Apohara, por serem muitos ligados à Cultura, aos movimentos culturais desde a juventude, viram na Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana a possibilidade de fazer um projeto cultural e através da romaria, levar ao público vargengrandense durante o desfile dos cavaleiros, os temas que achavam importante.
“Então eu acredito que eles viram na Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana uma oportunidade de fazer algum projeto, não sei se eles consideravam como um projeto, mas, enfim, fazer algum manifesto, levar um pouco mais de cultura a um evento religioso. Então acredito que tenha partido disso. Infelizmente eu não tenho mais meu pai e minha mãe aqui, nem minha tia Dora, para falar isso com mais propriedade”, concluiu.
Sobre a participação este ano na 47ª Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana, Apohara afirmou que a família vai estar presente. “A nossa família, vamos falar assim, os cavaleiros da família ficaram um pouco reduzidos, hoje é eu que tenho essa veia, junto com minha esposa Ana Paula e os meus dois filhos, o João e a Luísa. Nós gostamos muito de cavalo, eu trabalho com isso, minha menina também participa de competição, eu amo essas coisas, meu moleque adora e vamos em frente”.
Apohara disse que a Comitiva Rancho Bisturi conta com a importante participação dos primos Lucas e Pedro Ranzani. “Eles ainda estão contaminados pelo vírus do cavalo, são cavaleiros, sempre estão andando fazendo suas atividades a cavalo”, falou. Sobre os demais primos e familiares, citou que alguns foram seguindo rumos diferentes e hoje estão mais longe, outros mais perto, mas não estão tão próximos do segmento cavalo.
Ao ser indagado sobre quem mais faz parte da Comitiva Rancho Bisturi, Apohara respondeu que além dos que já foram citados, seus primos, sua família, também cavalgam na comitiva alguns clientes do Rancho Bisturi, que é o centro de treinamento de cavalo do seu primo Lucas Ranzani e alguns amigos próximos, como o pessoal da Família Amaral. “A gente sempre convida, sempre tenta estar junto, o pessoal que a gente sabe que também respira cavalo, está sempre junto, sempre com o mesmo intuito, encarar a Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana como quem a enxerga com o mesmo olhar”, afirmou.
Este ano a Comitiva Rancho Bisturi deve estar presente na romaria com cerca de 15 participantes, ele acredita. Ele não sabe ao certo, pode variar um pouco para mais ou menos. Disse que está vivendo uma rotina bastante corrida esses dias, que deixou uma parte na sua casa organizada e no demais, o pessoal do rancho é que está organizando.
Quanto aos preparativos para participar da romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana, falou: “A gente encara como um evento religioso, uma manifestação de fé, diferente de muita gente que eu vejo que encara como um passeio. Outros optam por dar uma volta a cavalo, tomar cervejinha, mas a gente não encara dessa forma, encara como uma manifestação religiosa, um momento de se aproximar da nossa Padroeira e agradecer pelas bênçãos”, comentou.
Para ele, preparar-se para participar da 47ª Romaria tem todo um lado espiritual, como no do dia a dia. “Isso é uma coisa que a gente vive no cotidiano, manter os cavalos bonitos, arrumados, com a crina tosada, a parte de arreamento em dia. Fazer contato com os amigos que vão participar, convidar pra estar junto da gente, então eu acredito que os preparativos hoje, onde a Comitiva é um pouco mais enxuta, passa por tudo isso”, explicou.
Ao comentar sobre o que motiva a família a participar da Comitiva Rancho Bisturi, respondeu que é uma questão de tradição. “O meu avô materno, o Ditão Ranzani, e o meu avô paterno, o Tião Goiabeira, o Sebastião Avanzi, eles idealizaram a primeira Romaria dos Cavaleiros de Sant´Ana. Não foram só eles, mas faziam parte do grupo de tradicionais cavaleiros de Vargem Grande do Sul que a organizaram. Essa tradição esparramou-se durante os anos na nossa família e pra gente é muito importante, nós tentamos até hoje manter o tradicional almoço, a macarronada depois do desfile na casa que era da minha mãe e hoje é minha, pra gente estar um pouco mais próximo deles espiritualmente”, concluiu Apohara.
