Após Romaria, PM deteve dupla por maus tratos a cavalo

Proprietário alega que o cavalo é cego de um olho há anos

Dois rapazes foram detidos em flagrante por maus tratos a um cavalo após a realização da 47ª Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana. Embora a dupla tenha participado da 47ª Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana, o evento religioso terminou por volta das 15h e a apreensão aconteceu apenas à noite, por volta das 20h deste domingo, dia 30, pela Polícia Militar de Vargem Grande do Sul, na Rua Coronel Lúcio, no Centro.
De acordo com o boletim de ocorrência, o cavalo puxava uma charrete com som em alta velocidade, estava com exaustão, é de idade e cego de uma vista. Segundo o informado, a dupla estava batendo no animal com um chicote com cabo de metal e corrente e cordão de nylon, caracterizando maus tratos.
Os policiais abordaram a dupla, que se recusou a obedecer a ordem de parada e se alterou, sendo necessário o uso de algemas. A ocorrência foi apresentada na Delegacia de Polícia Civil de Vargem Grande do Sul, sendo elaborado o termo circunstanciado de ocorrência de desobediência e maus tratos.
O chicote foi apreendido e a dupla foi liberada. Evania Amélia Coracini, da Associação Amigos dos Animais (AAMA) de Vargem Grande do Sul, esteve no local e o animal ficou aos cuidados do proprietário da Chácara Santana.

Comissão
A Gazeta de Vargem Grande foi procurada pela Comissão Organizadora da Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana, que esclareceu que o evento religioso terminou por volta das 15h e, após, os membros foram prestigiar a Festa da Batata.
Conforme o pontuado, após o desfile, havia sido recomendado que os cavaleiros fossem para casa e levassem os animais, porém o caso aconteceu às 20h e não durante o percurso da Romaria.

Maus tratos
Ao jornal, Evania Amélia Coracini, da Associação Amigos dos Animais (AAMA), explicou que o animal demonstrava sinais de exaustão e já era um animal de idade, sendo cego de uma vista. Populares informaram que a dupla bateu no animal com o chicote, o que configura maus tratos.

Repercussão
A matéria foi publicada nas redes sociais da Gazeta de Vargem Grande na manhã de segunda-feira, dia 31, e repercutiu rapidamente. Até o fechamento desta edição, a publicação registrava cerca de 600 curtidas e aproximadamente 300 comentários, além de 44 compartilhamentos.
A publicação alcançou mais de 35 mil pessoas e 17 mil pessoas engajaram com ela. Nos comentários, muita gente se mostrou indignada com os maus tratos e pediu uma solução para esses casos.

Dono do cavalo esclarece sobre o ocorrido

Um dos ocupantes da charrete, o dono do cavalo, Fábio Rodrigues dos Santos, procurou o jornal para dar a sua versão dos fatos. Ele havia sido entrevistado pela Gazeta de Vargem Grande alguns dias antes da Romaria para uma matéria especial do jornal impresso que circulou no sábado, dia 29. A matéria trazia alguns cavaleiros anônimos que participavam anualmente da Romaria.
Ao jornal, Fábio deu a sua versão dos fatos. “Tinha uma turma lá de cavalo, lá no centro e eu só passei lá com o cavalo na charrete, mas não fiz nada do que todo mundo tá me julgando pelos comentários, meu cavalo, o Ceguinho, já é cego de um olho faz anos, já comprei ele assim”, explicou.
“Eu não trouxe o cavalo embora após a romaria porque eu tinha brigado com minha mulher, aí eu fui ver se ela e minha filha estavam no Centro. Aí após eu passar, o rapaz que estava comigo me pediu uma carona e o coitado acabou sendo prejudicado também. Eu nem conheço ele, quem participou da Romaria foi eu, minha mulher e minha filha”, completou.
Fábio disse que não bateu em seu cavalo e que não estava com som alto. “Eles mandaram eu parar e eu parei de boa, aí os policiais já vieram com algemas, nem me ouviram. Eu fiz um erro sim de subir lá pro Centro, mas não sabia que ia dar em tudo isso. Tinha um monte de gente lá judiando dos cavalos e essas pessoas rasparam, só eu parei. Todo mundo me conhece, faz uns cinco anos que eu tenho esse cavalo e todo mundo que me conhece sabe que meu cavalo é cego”, comentou.
“Sobre o chicote que todo mundo está falando é um costume que a gente tem de andar com ele, mas meu cavalo já é obediente, não precisa bater nele não porque ele é bem domado, ele não tem nenhuma marca porque não bato nele. Eu ando nele com minha filha de 10 meses. Eu vou todos os anos na Romaria e nunca aconteceu isso. E é mentira sobre o som alto porque a bateria nem tinha mais carga. Estava sim uma barulheira de som no Centro, mas era dos carros com som alto. Eu já estava descendo embora, não precisava de tudo isso não, eu tentei explicar, mas ninguém deixava a gente falar. O rapaz que estava comigo até queria ir no banheiro, mas não deixaram ele ir, coitado”, disse.
Fábio comentou que sua charrete foi devolvida na segunda-feira, mas seu cavalo e as coisas que estavam na charrete, como um cooler e dois pendrives não foram devolvidos. “Eu sou inocente, podem puxar nas câmeras do Centro e vão ver. Do jeito que pararam eu e ele já colocaram algemas em nós, fizeram a gente sentar no chão que nem bandido, credo. E é mentira que falaram que ele estava com fome, porque quando a Romaria acabou eu fui em casa para dar milho, silo e água pra ele. Ele estava suado porque só não joguei uma água nele pra tirar o suor. Eu só quero meu cavalo de volta, porque se eu estivesse errado eu nem procuraria vocês, e que as pessoas parassem de me difamar na internet”, finalizou.

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