A 21ª Festa das Nações tem início nesta quinta-feira, dia 7, feriado da Independência do Brasil. A festa segue até o domingo, dia 10, na Praça Capitão João Pinto Fontão, a Praça da Matriz. Os preparativos estão a todo vapor e, durante a semana, grupos e escolas ensaiaram no palco. À Gazeta de Vargem Grande, o produtor artístico geral da Festa das Nações, Lucas Buzato, contou sobre o passo a passo na produção do evento.
Conforme explicou, os preparativos para a Festa das Nações começam já no término da festa anterior. “Assim que terminou a festa do ano passado, analisamos os pontos positivos e negativos e começamos a trabalhar nas pesquisas. Eu tenho uma grande parceira, que é a Cristina Sbardellini, e nós dois começamos a analisar o que já foi feito, o que não foi feito, o que dá certo na festa, o que não dá certo, o que é possível de se colocar no palco, o que não é. Então, esse é o primeiro passo”, disse.
“Com isso, juntamos um leque interminável de opções de músicas, danças, sugestões de números para as escolas, com o objetivo de colocar boas histórias na festa. Pesquisamos no YouTube, vemos o histórico de cada apresentação, musicais, músicas típicas, folclóricas, canções que emocionam ou canções que animam. A partir desse ponto de estudo, colocamos no papel e peneiramos o que é possível, porque na Festa das Nações temos no palco a questão do rodízio de apresentações que é muito grande”, completou.
Lucas pontuou que são entre 40 e 50 apresentações, então não há tempo hábil de montar as alegorias e adereços complicados para a próxima apresentação. “Então colocamos também no papel questão de figurino, questão de adaptação de roupas que nós já temos nos guarda-roupas, pois muitas roupas são adaptadas, e aí no último momento a gente começa a montar um croqui do que vai ser a festa”, disse.
No início do ano é feita uma reunião com as escolas e também com a diretora do Departamento de Cultura e Turismo, Márcia Iared. “Sento com a dona Márcia e apresento pra ela os países que foram apresentados no último ano, países que a gente precisa dar uma atenção, por exemplo, no ano passado a Ucrânia foi uma apresentação muito importante, até mesmo para falarmos sobre a questão da guerra e como isso estava afetando mundialmente, então eu sento com a dona Márcia e analisamos a questão de maior leque de países para poder ter na festa”, explicou.
“Na reunião com as escolas, apresentamos todos os pontos e as escolas obviamente se expressam dentro do que elas têm a capacidade financeira também de fazer. Então nunca exigimos que elas façam uma apresentação que encareça ou que tenha dificuldades no andar dos ensaios e das criações. E sempre cuidamos para que os países tenham um leque maior de opções. Em seguida, começamos os ensaios, logo no fim de janeiro”, contou.
Na questão da dança, Lucas e Cristina montam as trilhas sonoras, têm ideias de coreografias, tempo de música e tipo de vestimenta para ver se é possível realizar determinado passo. Na música, Lucas teve o apoio de Diana Rodrigues e Eder Pereira. “Eles foram fundamentais para o sucesso dos ensaios e de toda a produção. Foram fantásticos e cuidadosos com os detalhes, inclusive porque esse ano nós tivemos um número grande de novos cantores na música, e isso foi fundamental porque a gente pôde fazer uma coisa que sonhávamos há anos, que era fazer um maior número de apresentações possíveis com o grupo. Então, esse ano nós temos menos solos e mais número de grupo. E com a dança é a mesma coisa, nós temos grandes parceiros, pessoas que criam, são apresentados os desafios para eles e eles encaram”, pontuou.
Ao jornal, ele explicou que embora haja uma pesquisa, a equipe procura não se apegar muito ao vídeo, usando-o apenas como sugestão e criando uma coreografia própria. “Isso é muito louvável. Feito isso, vamos para o passo mais difícil, que é peneirar o que deu certo e o que não deu certo e lapidar. Então tem o desafio dos cantores para aprenderem novas línguas, o que não é fácil, e o pessoal da dança tem que se preparar inclusive fisicamente. Tem muito alongamento, muito trabalho de expressão, cuidado com os detalhes, com os dedos, cuidado de onde é que vai usar um chapéu ou um adereço de mão, tudo isso é muito bem ensaiado. E com a música é a mesma coisa, tanto que com a música a gente faz aquecimento vocal liderado pela Diana Rodrigues em todos os ensaios para que haja um cuidado com o instrumento mais importante dos cantores, que é a voz”, disse.
O último passo é a montagem do cronograma. “É muito difícil, são muitas apresentações e há uma repetição na maioria das vezes. São dois dias de apresentação para cada escola e temos que colocar estrategicamente crianças mais no começo, há um cuidado com isso para que a festa seja realmente confortável para quem está se apresentando. A partir disso, a gente consegue alinhar todo o esqueleto da festa”, ressaltou.
Lucas enalteceu o apoio da Prefeitura Municipal, através do prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), por não poupar esforços para que seja realmente uma festa de imersão, uma festa mágica. “Então toda a parte de detalhes com investimento nos tecidos, nas costureiras de alta competência, todos os detalhes com maior cuidado e muito apoio do nosso prefeito. Porque ele entende e ele apoia que a festa das nações é culturalmente a maior expressão da cidade. Porque é uma festa em que a gente recebe de três a quatro mil pessoas por noite na Praça da Matriz somente com artistas e com o povo de Vargem”, disse.
“E ao mesmo tempo nós temos que agradecer aos patrocinadores, porque patrocinar a festa significa garantir qualidade. Temos parceiros e patrocinadores que realmente fazem a diferença na Festa das Nações. Então é uma mobilização da cidade pra festa e é muito bonito de se ver isso. Costureiras, professores, dançarinos, voluntários e o pessoal das entidades, que fazem toda a diferença, porque é uma festa para as entidades e elas abraçam isso de forma impecável”, completou.
Após seis ou sete meses de ensaios, é hora de subir no palco. “Ensaiamos exaustivamente, toda noite, aos finais de semana, todos estão dando o melhor de si. O Departamento de Cultura trabalha incansavelmente para a realização do evento. Eu estou na festa desde 2007 e me orgulho muito por esses anos como cantor, e, desde 2017, também como produtor artístico geral da festa. E é artístico mesmo, né? É arte o que é feito no palco”, afirmou.
Ele contou o que o encanta é que a Festa das Nações é uma festa feita do povo para o povo. “Tem a avó que está em uma barraca, servindo uma macarronada na Itália, enquanto o pai trabalhou de dia na montagem da estrutura, a mãe trabalhou como costureira e o filho está no palco. Então se você for pensar nessa família, a festa foi feita por eles, não é uma festa só feita pela prefeitura, é uma festa feita pelo povo para o povo. Então o que mais me emociona é uma festa de mobilização, é o real sentido do que é cultura, que é trazer autoestima, trazer alegria, trazer emoção, trazer imersão, porque muitas pessoas com certeza nunca viajaram para aqueles países, mas elas conhecem o real significado, o sentido do que é a tradição daquele país”, ressaltou.
Lucas comentou que a Festa das Nações é a sua paixão. “Eu amo a Festa das Nações, porque é para mim um momento em que a gente pode colocar no palco de uma praça uma viagem ao mundo, né? E a gente se emociona. Eu me recordo que no passado, quando a gente fez anos 80, acho que foi uma das primeiras vezes na festa em que o pessoal levantou para dançar. E quando a gente estava no palco, a gente ficou em uma adrenalina tão grande que dava vontade de chorar, porque é o reconhecimento de uma luta”, disse.
“Quando as pessoas nos prestigiam depois de tantos meses ensaiando, lotando a praça, é o nosso maior presente, porque a gente fez isso para o povo, para a cidade, com milhões de pessoas trabalhando em prol disso. Acho que esse é o sentido do que realmente é a Festa das Nações. E a gente só tem a agradecer como Departamento de Cultura, como Grupo da Cultura, como voluntários, como entidades, grupos, movimentos, agradecer ao povo que senta ali na sua mesinha, prestigia, consome, convida familiares, convida os amigos, compartilha as divulgações e, isso, faz da festa das nações culturalmente a festa de maior envolvimento popular do nosso calendário”, finalizou.