Um pouco da história do serviço de Tratamento de Água e Esgoto em Nossa Terra

Mario Poggio Jr.

A primeira referência que localizamos foi no livro “O Município de São João da Boa Vista”, de autoria de Antônio Gomes Martins, edição de 1.910, quando nossa terra pertencia ao município vizinho, era denominada como “Villa de Vargem Grande” e sua população urbana era de aproximadamente 1.000 habitantes e a rural de 3.721 pessoas, conforme o recenseamento de 1908.


Na ocasião as obras de água estavam em elaboração e se pensava na construção da rede de esgotos.
Em 1920, a população urbana cresceu para 2.200 pessoas e a rural para 7.886
habitantes, época em que o subprefeito e posteriormente nosso primeiro prefeito municipal, capitão Belarmino Rodrigues Peres já se batia pela salubridade da água, conforme se verifica pela leitura da obra “História Administrativa e Política de São João da Boa Vista” (1896 a 1932), de autoria de José Osório de Oliveira Azevedo.


Por sua iniciativa houve a visita do engenheiro da Repartição de Águas de São Paulo, dr. Mario Ayrosa Galvão, para fins de vistoria na rede de água e esgoto, cujo relatório gerou o seguinte parecer legislativo:
“As comissões reunidas de Obras Públicas e Higiêne, estudando detidamente o presente relatório, apresentado pelo Dr. Mario Ayrosa, engenheiro sanitário ao examinar as obras de abastecimento de água e esgotos da Vila de Vargem Grande, e, examinando igualmente as cláusulas 6ª e 7ª do Contrato lavrado entre a Prefeitura Municipal de São João da Boa Vista e o Capitão José Joaquim da Silva Costa, contrato este mais tarde transferido ao Dr. Álvaro Noronha Gomes da Silva, são de parecer que o serviço não satisfaz absolutamente as condições constantes do referido contrato e propõem que, de acordo com as cláusulas acima referidas, seja o concessionário compelido à reformá-lo no prazo de 90 dias, a contar de 1º de dezembro do corrente ano, sob pena de ser decretada a caducidade da concessão, revertendo a favor dos cofres municipais a caução de dez contos de reis, de que trata a cláusula 4ª do contrato devendo a reforma ser feita de acordo com o relatório do engenheiro Dr. Mário Ayrosa Sala das Comissões, 30/11/20. Waldemar J. Ferreira, Dr. J. P. Andrade Jr., Belarmino Rodrigues Peres, J. M. Nogueira de Barros, Dr. Ary Fialho.”
O capitão Belarmino conseguiu a aprovação do parecer, mediante reforço da necessidade de correções e da situação de impureza das águas, como também insistiu para que fossem tomadas as providências.


Merece destaque o seguinte trecho de seu pronunciamento constante da ata referente a sessão de 28 de fevereiro de 1921, no qual rebateu uma a uma, as alegações da concessionária (fl. 330, 2º trecho da obra citada):
“…Na verdade, é ignorante, em matéria de engenharia, em todos os seus ramos, e não se envergonha de o confessar. Não tem obrigação de saber o que não estudou. A um profissional, sim, é desairoso deixar, a cada passo, em seus serviços, atestados de incompetência….”.


Porém, a polêmica continuou, pois apesar da empresa ter realizado algumas obras, eram insuficientes para a cabal solução do problema, instalando-se comissão em 15/09/1921, para apurar se houve o cumprimento do determinado pelo engenheiro da repartição de águas de São Paulo, face ao conflito entre o subprefeito e a empresa concessionária.
Todavia, houve a emancipação de nosso município, de forma que o problema passou para o governo municipal de nossa terra.


Em 1940, a população era de 3.721 habitantes na Zona Urbana e 6.991 pessoas na Zona Rural, e a situação desfavorável ainda existia.
Por sua vez, o combativo vargengrandense “Benedito Bedin” publicou matéria intitulada “Água com impurezas vem sendo distribuída há muito tempo em Vargem Grande do Sul”, no Jornal “Diário de São Paulo”, edição de 13/02/1945, para chamar a atenção das autoridades (vide reprodução da matéria na edição de 25/09/1999, da Gazeta de Vargem Grande).


Ao iniciarem as tratativas para construção da Estação de Tratamento de Água, para solução do impasse, os responsáveis verificaram que era necessário um lugar alto para se aproveitar a força da gravidade no abastecimento da cidade, o que implicava em aplicação de recursos financeiros para aquisição de terras.
Assim, tal empreendimento somente foi possível pela generosidade do engenheiro agrimensor, formado na Bélgica, doutor José de Andrade Fontão, que doou 1.000 m² de sua propriedade.


Nos anos de 1950, 1960 e 1970, o censo indicou alteração da população, respectivamente para 4.550, 6.879 e 9.573 na Zona Urbana e de 6.258, 4.995 e 3.796 na Zona Rural.
Assim, necessário recordar de que o prefeito Nestor Bolonha promoveu a reforma e ampliação da linha adutora e consequente aumento do fornecimento de água à população da cidade e das vilas adjacentes, conforme noticiou o brilhante jornalista Walter Tatoni, na reportagem veiculada no jornal “A Imprensa”, edição de 1º de fevereiro de 1969, sob o título “Chega ao seu fim uma Grande Administração e outra se inicia sob as Melhores Esperanças”.

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