A violência que ninguém quer

Durante os últimos dias, Vargem Grande do Sul registrou duas tentativas de homicídio. No domingo, dia 24, um rapaz desceu de uma motocicleta e andou em direção a um estabelecimento do Jardim Paulista, onde havia vários clientes em mesas pela calçada, disparando algumas vezes contra um dos homens que ali estavam. A vítima conseguiu fugir.
No entanto, nesta semana uma outra tentativa de homicídio, dessa vez no Jardim Primavera. Um homem de motocicleta abordou e atirou em uma outra pessoa que seguia com sua motocicleta pelo Jardim Primavera, que felizmente sobreviveu. Segundo informaram as forças policiais, a vítima do primeiro atentado seria o autor desse segundo crime.
Os dois crimes foram flagrados por câmeras de segurança e rapidamente foram compartilhadas em redes sociais e em aplicativos de mensagens. A frieza dos autores chama a atenção. No primeiro caso, por se tratar de um local com outras pessoas e no segundo, por acontecer a luz do dia. As duas situações causaram indignação na população, que cobrou medidas das autoridades. O autor dos disparos do Jardim Primavera foi preso.
É sabido que Vargem Grande do Sul já não é mais aquela cidade tranquila e pacata de décadas atrás. Ainda assim, é uma cidade com um baixo índice de homicídios. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo mostram que nos últimos 10 anos, Vargem somou 22 homicídios, sendo que ano passado foi registrado apenas um, além de sete tentativas de homicídio. Em 2023, até agosto, a cidade registrou um homicídio e quatro tentativas de assassinato.
Independente do que tenha motivado as tentativas de homicídio desses últimos dias, a sensação de violência que toma conta da cidade aumenta cada vez que há relatos de disparo de armas de fogo, de roubos, de furtos na vizinhança. Aliado aos alarmantes números nacionais e casos terríveis registrados praticamente todas as semanas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o sentimento que vai tomando conta do morador é que tudo está muito próximo, a violência está muito perto.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostram que em 2022, um total de 47.508 foram vítimas de mortes violentas intencionais no país, um número que apesar de ser assustador, é o menor desde 2011. Por outro lado, o número de registros de estupros e estupros de vulnerável em 2022 foi o maior já registrado pelo levantamento: 74.930 vítimas, sendo que 88,7% eram mulheres e 11,3% homens.
Combater a violência, o crime organizado, facções criminosas, milícias, o tráfico de drogas é algo que o Brasil não faz de maneira eficiente, pois nunca atinge de fato uma das principais causas da criminalidade, que é a violência social, causada pelo desemprego, a falta de perspectivas para jovens, de emprego para os trabalhadores, de acesso amplo a saúde e educação de qualidade.
As forças policiais, como Polícia Civil, Militar seguem com seu trabalho, mesmo com efetivo defasado e salários incompatíveis com o risco da profissão. Mas todo o esforço de oferecer segurança, coibir a criminalidade, investigar os crimes e levar os autores à Justiça nunca será o suficiente se o Estado também não adotar uma abordagem mais ampla e que pense a longo prazo.

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