Moradores se queixam de assistidos na porta da Casa de Passagem

Entidade presta serviço de acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social

Alguns moradores da Rua Maneco Nogueira procuraram a Gazeta de Vargem Grande na última semana para se queixaram que, enquanto a Casa de Passagem Heitor de Andrade Fontão está fechada, durante o dia, alguns assistidos têm ficado na calçada, esperando a Casa de Passagem abrir desde às 14h.
Entre as queixas, os residentes comentaram que algumas pessoas em situação de vulnerabilidade social bebem, usam drogas e que o problema foi levado à antiga coordenação, mas nada foi feito. Disseram também que as pessoas em situação de vulnerabilidade social que utilizam da casa normalmente são de outras cidades e que costumam dormir vários dias.
Um dos moradores disse que tem uma casa de aluguel nas proximidades e que não tem conseguido alugar por conta das pessoas que ficam na calçada. Disseram que os assistidos às vezes guardam itens nas áreas e garagens das pessoas, inclusive as casas que estão vazias para aluguel.
Um dos moradores questionou se há possibilidade de a Casa de Passagem ser transferida para outro local, que atenda a necessidade da entidade.
O jornal, então, procurou a coordenação da entidade para saber se estão cientes da situação e se algo está sendo estudado neste sentido. Questionou também se a entidade pensa em estender o horário de funcionamento da Casa, se isso seria uma possibilidade ou não. Perguntou o que a população pode fazer para ajudar com essa questão.
A Gazeta também questionou há quantos anos a Casa de Passagem está neste endereço, qual o horário de funcionamento e se a coordenação vê necessidade de procurar um local maior para melhor atender a população. Também perguntou se há possibilidade da Casa de Passagem ter alguma outra sede.
Ao jornal, a atual coordenadora da entidade, a fisioterapeuta, professora universitária e mestre em ciências da reabilitação Simone de Faria Rossetto, disse que a coordenação está ciente diante dessa situação. “Porém, a Casa de Passagem não é responsável por esse público, mas sim presta um serviço de acolhimento neste endereço desde a sua inauguração em 25 de maio de 1965, há 60 anos”, disse.
Simone informou que o horário de funcionamento da instituição para atendimento aos usuários é das 18h às 6h, onde são fornecidos como serviços os banhos, jantar, pernoite e café da manhã. Em resposta ao jornal, a coordenadora pontuou que não há possibilidade de estender o horário. “Pois a instituição segue com prestação de serviços de acolhimento aos usuários, garantindo a humanidade e a capacidade para os mesmos terem responsabilidades e autonomia sobre as próprias vidas”, disse.
“Juntamente com a equipe técnica, formada por psicóloga e assistente social, são realizadas atividades para restabelecimento de vínculos familiares, metas e objetivos com o intuito de devolver os mesmos para o mercado de trabalho. E para manter toda esta estrutura já se é um grande desafio estarmos de portas abertas, visto que a casa tem um déficit financeiro muito grande”, completou.
Para Simone, a presença de moradores de rua na frente da Casa de Passagem reflete um problema de saúde pública, mostrando a necessidade de intervenção do departamento social junto ao município. “Uma alternativa viável para enfrentar esse problema de saúde pública seria o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), localizado na área central, realizar intervenções juntamente com os usuários, fortalecendo a capacidade para desenvolver trabalhos, oficinas e a prática de cursos trabalhando juntamente com o aspecto emocional”, comentou.
A coordenadora ressaltou que sendo uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, a Casa de Passagem presta serviços de acolhimento e resgate e não se responsabiliza pelas atitudes dos usuários.
Pontuou que no momento não há a possibilidade de mudança da sede da instituição, pois o prédio é cedido, cenário esse que poderia mudar caso houvesse a doação de um terreno ou um imóvel apropriado para a instalação da população.
Levando as queixas em consideração, Simone ressaltou que a lei 14.821, sancionada em 2024, proíbe a remoção das pessoas dos locais públicos sem motivos legais.
A coordenadora comentou que a população pode ajudar a instituição a manter seus serviços através de doações, que inclui dinheiro, alimentos, produtos de higiene e limpeza, roupas de cama e banho e trabalhar a conscientização sobre o agravamento do cenário e a importância do trabalho realizado pela Casa de Passagem na cidade.

O sonho de um terreno próximo à Rodoviária
Ao jornal, Juliana Andrade, membro da diretoria da Casa de Passagem também comentou sobre a questão pública e disse que a entidade gostaria de fazer um trabalho em conjunto com a prefeitura. “Passamos muitas dificuldades, inclusive estamos tentando fazer o cadastro da assistência social para receber verba do Estado e do Governo, para que a gente também consiga verbas dos deputados. Não deixamos de buscar, queremos tentar uma parceria com a prefeitura”, disse.
Com relação a mudar o local da sede da entidade, Juliana disse que já pensaram em fazer perto da Rodoviária, em algum dos terrenos aos arredores, mas que para isso os terrenos precisariam ser doados à Casa de Passagem e a prefeitura precisaria ajudar com a construção do prédio. “Ali não tem muitas moradias, então ficaria bem melhor fazer ali, seria um lugar que não teria essa questão de problemas com vizinhos. Então se a gente conseguisse algo ali por volta da rodoviária, um terreno para construir um novo lugar, seria ótimo. Estamos no Centro há 60 anos, isso está sendo um problema agora e nós também queremos resolver”, completou.

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