Diretor de Saúde comenta sobre transparência do setor

O diretor de Saúde, Mário Merlin, concedeu entrevista ao jornal

As cirurgias de alta complexidade são as mais demoradas

A reportagem do jornal Gazeta de Vargem Grande enviou várias perguntas ao diretor Mário Merlin, do Departamento de Saúde do município envolvendo a questão da transparência de como é feita a triagem de pacientes que aguardam por consultas com médicos especialistas, exames e cirurgias na rede pública de saúde municipal de Vargem Grande do Sul, e esta semana obteve as respostas que ajudam os leitores do jornal a compreender melhor como funciona o setor.
O problema da fila de espera de pacientes no município foi muito debatido no mês passado, quando da discussão e votação do projeto de lei de autoria dos vereadores Gustavo Henrique Bueno (PL) e Felipe Augusto Gadiani (PSD) que previa a obrigatoriedade da divulgação por parte da prefeitura das listagens de pacientes que aguardavam na fila por consultas, exames e cirurgias.
Depois de um grande debate, inclusive com trocas de acusações entre os vereadores, o projeto foi rejeitado pela maioria dos edis presentes, numa votação apertada, que precisou do voto de desempate do presidente da Câmara e o tema ganhou as redes sociais através da internet, causando muita celeuma a respeito.
Perguntado como é feita a triagem e atendimentos das solicitações das pessoas que precisam de consultas, exames, cirurgias e aguardam para serem atendidas pelo Sistema de Saúde Municipal, o diretor Mário Merlin, afirmou que a triagem e atendimento das solicitações é realizada pela Central de Regulação, onde são agendados exames, cirurgias e consultas com especialistas.
“O processo é conduzido por uma equipe técnica, que prioriza os casos conforme sua urgência e necessidade. Inclusive nesta administração direcionamos uma profissional médica para compor esta equipe de regulação de exames e consultas, que tem a capacidade de avaliar caso a caso e as necessidades de cada paciente, inclusive aos pacientes com doenças mais graves e de urgência”, afirmou o novo diretor que assumiu na atual administração do prefeito Celso Ribeiro (Republicanos).
O volume dos exames, cirurgias, consultas, dentre outros serviços de saúde que são oferecidos mensalmente aos vargengrandenses impressiona. Para uma população de 43 mil habitantes, segundo informou o departamento de Saúde, mensalmente, a Central de Regulação recebe cerca de 35.000 exames, 2.600 consultas médicas com especialistas e 300 cirurgias, tanto internas no município quanto em referências na região (que precisam ser encaminhadas para outras cidades de referência através da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde – CROSS, Secretaria de Estado da Saúde Coordenadoria das Regiões de Saúde.
Explicou que a CROSS realiza a intermediação das solicitações médicas de instituições de saúde de menor complexidade para instituições de saúde de maior complexidade (ou com a complexidade adequada) para atender às necessidades imediatas dos pacientes em situações de urgências e emergências médicas.
Com relação aos valores gastos com estas solicitações, o diretor Mário informou que atualmente o custeio mensal de exames laboratoriais e de imagem é cerca de R$ 550.000,00, e consulta com médicos especialista (CEM, SASP e CAM) gira em torno de R$ 150.000,00 mensal.

Departamento não teria condições de implementar a lei

O jornal perguntou se caso fosse aprovada a ‘lei da transparência da saúde’, o departamento teria condições de atender o que ela especificava e a resposta foi que no momento, devido à capacidade limitada de servidores, seria inviável atender ao que o projeto propõe. “A implementação exigiria a contratação de servidores em grande número, o que não é viável financeiramente para o município neste momento”, disse Mário ao jornal.
De acordo com o diretor, para atender a demanda de servidores para aplicação da lei, seria necessário contratar entre 8 a 10 assistentes administrativos, o que acarretaria um custo anual de R$ 400.000,00, além de estrutura para alimentar e manter a listagem de filas conforme exigia o projeto em tempo real.
A Gazeta de Vargem Grande perguntou então, como age o Departamento de Saúde quando uma pessoa, um cidadão, ou mesmo uma autoridade solicita a intervenção para atender um paciente na fila de espera dos serviços que são prestados aos usuários da saúde municipal e Mário explicou: “Todos os casos solicitados, seja por cidadãos, autoridades ou outros, são analisados pela equipe técnica da Central de Regulação, que avalia a real urgência, estado de saúde, doenças graves e a necessidade para priorização dos casos”.
Ao ser indagado de quem é a responsabilidade para encaminhar um doente na fila de espera, passando-o na frente de outros casos e em quais situações isso ocorre, o diretor de Saúde foi enfático ao responder que a responsabilidade pela priorização de pacientes na fila de espera é da equipe técnica da Central de Regulação, composta por profissionais qualificados, incluindo médicos, que avaliam a urgência de cada caso.

Como está a fila de espera

Para o paciente ou familiares saberem como está o seu caso na fila de espera, basta procurar o Departamento de Saúde, que funciona junto ao Posto de Pronto Atendimento-PPA, ou também na Central de Regulação localizada no prédio do Centro de Especialidades Médicas-CEM, que fica próximo à rodoviária municipal e terão acesso a todas as informações necessárias, segundo explicou o diretor de Saúde.
Quanto as pacientes que estão internados no Hospital de Caridade, as informações com relação às cirurgias de urgência, serão fornecidas através do próprio hospital, uma vez que somente ele tem acesso à Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde – CROSS, da Secretaria de Estado da Saúde.

Número das filas

Questionado sobre como anda a fila da espera, o diretor informou que as pequenas cirurgias estão controladas, sendo feitas no CEM, com fila de espera de no máximo 30 dias, através de dois médicos, dr. Marlon e dr. Marco Antônio.
Com relação às cirurgias eletivas como catarata, hérnia, tem uma demanda de fila de espera com cerca de 60 dias. “A grande maioria é feita no Hospital do Conderg, em Divinolândia, mas estamos trabalhando para este ano parte delas serem feitas no nosso Hospital de Caridade, usando a verba das emendas impositivas dos vereadores municipais”, afirmou Mário.
Quanto às cirurgias de alta complexidade, elas são reguladas pelo Departamento Regional de Saúde de São João da Boa Vista-DRS14, e a depender do tipo de cirurgia, tem uma fila expressiva, onde o governo do Estado vem trabalhando para dar um andamento maior, com pacientes aguardando de um mês a dois anos. São cirurgias de pacientes que não correm risco, como operações de joelho e quadril, principalmente as que usam próteses, informou o diretor.
“Se for uma cirurgia de urgência, através do Hospital de Caridade, onde o paciente está internado, a busca pela realização da mesma é através da CROSS, e as vagas devem ser fornecidas de imediato nos hospitais da região, de acordo com cada caso”, explicou.
Pedido de vereadores
Outra questão que sempre é comentada nas redes sociais, é quanto à interferência de vereadores para que pessoas possam ser atendidas preferencialmente pelo Departamento de Saúde. Neste sentido, o jornal perguntou se há pedidos de vereadores ou outras autoridades para que sejam passados doentes na frente de outros que estão na fila de espera e a resposta foi dada pela autoridade municipal de Saúde.
“Vale frisar que o departamento de Saúde não é um órgão político, e sim técnico onde existem profissionais na Central de Regulação que fazem todo esse controle do que é urgente, prioridade ou rotina. Muitos casos chegam ao Departamento de Saúde de diversas maneiras, na grande maioria os próprios pacientes ou familiares nos procuram para saber do andamento, mas todos são analisados pela equipe para garantir que apenas os casos realmente urgentes sejam priorizados”, afirmou Mário Merlin.

Departamento não foi procurado

Dado as discussões que aconteceram com relação ao projeto de lei que determinava a publicação da lista de espera, o jornal perguntou se algum vereador procurou o Departamento de Saúde para se inteirar como funciona a fila de espera antes de encaminhar o referido projeto de lei para a Câmara Municipal e a resposta foi que não. “Até o momento, nenhum vereador procurou o Departamento de Saúde para entender o funcionamento da fila de espera antes de apresentar o projeto de lei”, foi a resposta obtida pela reportagem da Gazeta de Vargem Grande.
Como a municipalidade poderia avançar para tornar mais transparente a fila de espera, também foi perguntado ao diretor de Saúde e o mesmo afirmou: “A transparência na fila de espera pode ser melhorada com a implementação de uma plataforma online, que permita que os cidadãos consultem sua posição nas filas. No entanto, isso exigiria recursos e a contratação de pessoal adicional o que não disponibilizamos no momento”.
O jornal perguntou então, se o Poder Executivo local tinha alguma proposta neste sentido e a resposta dada foi que a proposta atual do Poder Executivo é voltada neste momento ao investimento na contratação de mais cirurgias e exames, agilizando sempre a fila de espera, trazendo mais qualidade de vida às pessoas.
Finalizando, a Gazeta de Vargem Grande deixou a pauta aberta para outras considerações que poderiam ajudar os leitores a compreenderem melhor como funciona a fila de espera de pacientes que necessitam dos serviços da saúde municipal e o diretor Mário Merlin afirmou que o Departamento de Saúde tem investido maciçamente na aquisição de exames, remédios e na disponibilização de médicos especialistas para atender à população. “Investimento muito acima do que o SUS oferece e isso tem refletido diretamente no controle das filas, visto que algumas são pequenas ou zeradas. As urgências são atendidas imediatamente, e as consultas e exames de rotina têm sido feitos em curto prazo. No entanto, o município tem limitações financeiras para expandir ainda mais os serviços, sendo essencial a busca por recursos externos, como emendas parlamentares, para viabilizar a realização de mutirões”, disse o diretor.
Reforçou a questão envolvendo as polêmicas entre os vereadores e a transparência do setor dizendo: “Como ressaltei, em nenhum momento o Departamento de Saúde foi procurado para tratar deste assunto. Entendemos que o projeto de lei que propõe a criação de uma plataforma de transparência na fila de espera é muito útil, contudo, considerando a realidade e as necessidades da saúde da população, são muitas as limitações de pessoal e recursos financeiros do município para essa implantação. Seria mais viável, no momento, focar nas filas de cirurgia, que são mais controláveis, e implementar a plataforma para esse setor específico”.

Foto: Prefeitura Municipal

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