Um advogado que mantém ligação com traficantes de drogas na região de Casa Branca e usou informações obtidas em virtude do exercício profissional para intimidar testemunhas teve prisão temporária decretada por 30 dias a pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo, na quarta-feira, dia 29. O promotor apontou uso da profissão para intimidar testemunha
O Judiciário determinou ainda busca e apreensão na casa e no escritório do investigado, que teve computador e veículo apreendidos. De acordo com o apurado, o advogado é responsável pelo chamado “núcleo jurídico” de uma organização criminosa.
Segundo o informado, as autoridades chegaram ao advogado a partir da prisão de dois traficantes de drogas em Casa Branca, com apreensão de drogas e de celulares. A análise do conteúdo dos telefones permitiu identificar a existência de uma associação criminosa com ao menos dez integrantes, todos para o comércio ilícito de drogas.
Segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo, eles tiveram prisão temporária decretada, sendo que oito pessoas foram presas, e duas estão foragidas. A evolução dos trabalhos investigativos demonstrou que o advogado, que inicialmente apareceu como mais um usuário de drogas, vinha agindo em possível participação no crime de tráfico realizado pelos demais investigados.
De acordo com o delegado Wanderley Fernandes Martins Junior, o advogado usou dados obtidos graças ao acesso privilegiado à investigação para intimidar uma testemunha, chegando a se dirigir a uma unidade policial na tentativa de obter cópia do depoimento dela. O advogado fez contatos telefônicos com a testemunha e vigiou sua residência, com o objetivo de impedir que ela saísse do bairro e procurasse a polícia, deixando-a, assim, constrangida e apavorada.
A referida testemunha relatou as tentativas do advogado para influenciá-la no depoimento sobre as investigações do tráfico. Sentindo-se ameaçada e constrangida, a testemunha passou a temer inclusive pela integridade da sua família, diante do tom utilizado na conversa. Por isso, procurou a polícia.
Em sua manifestação, o promotor de Justiça de Casa Branca Marcos Tadeu Rioli, apontou que o advogado mantém íntima relação com os traficantes, extrapolando o simples exercício da profissão.