Preço do arroz dispara nas prateleiras e assusta população

Dona de casa ouvida pela Gazeta disse que se espantou ao ver o valor do pacote do arroz no mercado. Foto: Agencia Brasil

O aumento no preço dos produtos de cesta básica, em especial o arroz, tem assustado a população na última semana. Publicações em redes sociais e reportagens mostram que o preço não está salgado apenas em Vargem. Outros produtos como o óleo e o leite também estão com o preço elevado.
Na sexta-feira, dia 4, o Presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) disse aos empresários que aumentar o preço da comida não era patriótico nesse momento e pediu que mantenham o preço na menor margem de lucro.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba, o preço do arroz aumento em 120% nos últimos 12 meses e, em setembro, os preços do arroz branco subiram expressivamente no varejo.
O estudo mostra 3,8% em relação ao mês anterior, de acordo com o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e o movimento de alta para esse tipo de arroz vem sendo observado desde março deste ano. A FGV aponta como grande vilão, o dólar, que afeta diretamente as commodities, que são os produtos vendidos internacionalmente.
À Gazeta de Vargem Grande, Mara Gonçalves, que é dona de casa, comentou que acha o preço que o arroz está um absurdo. Ela contou que na terça-feira, dia 8, foi a um mercado e se deparou com o produto custando o dobro do valor normal.
Mara relatou que, como foi pega de surpresa com o valor, precisou comprar apenas um quilo do alimento na ocasião, e que só comprou mais na quinta-feira, dia 10, variando na alimentação na semana.
O jornal contatou dois supermercados da cidade para saber sobre a situação. Conforme o informado, os comerciantes estão tentando várias medidas para minimizar o impacto para o consumidor.

Ideal
Mario Malagutti, sócio proprietário do Supermercado Ideal explicou que o preço varia por marca do produto, mas há um arroz que em 40 dias subiu 42%. “No comecinho do mês de agosto, a gente pagava em torno de 17 reais o pacote e hoje custa para nós, 25. Tem arroz que subiu 39%, arroz que subiu 42%, então é uma situação bem complicada”, disse.
Assim como a FGV, ele afirmou que essa alta é basicamente em função do bom momento de exportação que o Brasil está vivendo dessas mercadorias. “O dólar está alto, então os produtores estão enxergando uma situação de ganhar muito dinheiro, então entre exportar e vender no mercado interno, é lógico que preferem exportar. Sendo assim, se o supermercado interno quiser ter o produto, realmente acabam pagando mais caro”, comentou.
Para minimizar o impacto dessa alta ao consumidor, Mário pontuou que, infelizmente, toda vez que acontece uma situação dessa, a opção é tirar um pouco a margem de lucro para que continuem vendendo e mantenham dentro da normalidade.
“No supermercado Ideal trabalhamos com média de preço de estoque, então atualizamos o preço baseados naquilo que temos e que está chegando, então nunca conseguimos repassar todo o aumento que chega. Se repassarmos o preço de hoje, o pessoal assustará muito, então fazemos essa média de estoque, que é a situação do arroz”, explicou.
Embora o arroz seja o vilão do momento nas prateleiras de supermercados, outros itens da cesta básica também estão em alta e prejudicando o consumidor, que é o óleo de soja e o leite.
Mario contou que o leite, nos meses de julho e agosto teve uma alta de 15%, sendo uma situação que também assusta, por ser um produto de primeira necessidade, assim como seus derivados. “Porque se o leite sobe, também sobre o queijo e vários itens que são derivados”, disse.
Ele comentou que os motivos dessa alta, que tem escutado de fornecedores e acompanhado em reportagens, é o aumento do consumo, a estiagem muito longa e a exportação. “Pois está muito seco e isso normalmente encarece um pouco, já aconteceu em outros anos também. Outro motivo é a exportação de leite em pó, que no mesmo caso do arroz, faz o leite ficar mais caro no mercado interno, em função de estar em um momento muito bom para a exportação”, disse.
O óleo de soja, no mês de julho, segundo ele, subiu em média 24%, e no mês de agosto subiu mais 18%. “Então estamos com um aumento nesses dois meses de 42% no óleo de soja. O motivo é o mesmo, que é a exportação que também está muito forte. Vi uma reportagem esses dias a respeito do óleo, dizendo que o Brasil já exportou 70% da sua produção esse ano. Eles alegam que a China está comprando muito forte, e lógico que com um caminho desses para exportar, os produtores querem receber em dólar, pelo preço que está”, comentou.
Mario pontuou que tem ouvido que os produtos não irão faltas, mas os preços realmente estão salgados. “Esses três itens são os que mais estão pesando. E hoje, assim como o arroz, fazemos a média dos estoques. Se eu for comprar óleo de soja hoje e colocar a margem do trabalho, ele vai passar de R$ 8,00 na área de venda, e não estamos praticando esse preço ainda”, completou.

União
Gustavo Ronqui, gerente do Supermercados União, contou que o arroz mais em conta, em um período de 30 dias, variou o preço do fardo de 30 kg de R$ 100 a R$ 140, sendo que o fardo de alguns está a R$ 180,00.
Em unidade, ele explicou que o mais em conta saiu de R$ 15,00 para cerca de R$ 23,00 em um mês, e o de melhor qualidade saiu de R$ 18,00 para R$ 27,00 no período neste período, sendo que é possível encontrar alguns por até R$ 30,00 de custo para o supermercado comprar.
A falta do produto, segundo ele, é devido a exportação, uma vez que os produtores que ainda têm arroz, pedem caro no produto. No entanto, Gustavo pontuou que não estão praticando esse preço, uma vez que o supermercado tem bastante item e não depende exclusivamente do arroz. “Então para vender estamos trabalhando com a baixa do custo, estamos trabalhando com um preço a baixo do que estamos pagando”, disse.
Ele informou que o óleo de soja também sofreu aumento significativo, porque a soja também está sendo exportada. Conforme contou, o produto variou de R$ 4,00 para R$ 6,00 em um período de 30 dias.
“Foi cerca de 50% a mais, então também estamos praticando preço abaixo do custo, inclusive temos nota fiscal de compra em que está acima do preço que estamos vendendo. Isso porque o supermercado não depende só desse item, então não é viável fazer esse aumento por causa de um período”, completou.

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