A juventude inconsequente

Na sexta-feira, dia 23 de outubro, Vargem Grande do Sul havia chegado a 867 casos positivos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Naquele dia, o município não havia mais registrado óbitos em decorrência da doença e que felizmente até esta semana seguiu inalterado, com 24 mortes.
Como de costume, a prefeitura divulgou naquele dia, a incidência da Covid-19 pelos bairros da cidade e também a quantidade de casos por faixa etária. Assim, é possível verificar que a maioria das pessoas que está contraindo a doença é de jovens. Mas a maioria absoluta das mortes está entre os mais idosos.
Ao analisar os dados do dia 23, é possível verificar que a maior incidência estava entre pessoas de 21 a 39 anos, que registrou 193 pacientes, o que corresponde a 22% do total de casos na cidade.
A população com mais de 60 anos é considerada idosa, inclusive com seus direitos amparados pelo Estatuto do Idoso. De acordo com os dados da prefeitura, 79 moradores entre 61 a 70 anos, o que corresponde a 9% do total de casos e 46 idosos com mais de 70 anos, perfazendo 5%, já tiveram a Covid-19.
Porém, o que chama a atenção é a quantidade de óbitos pela Covid-19 entre pacientes da terceira idade. Dos 24 óbitos registrados em Vargem, apenas dois tinham menos de 60, sendo um de 51 anos e outro de 54. Na faixa entre os 51 e 60 anos de idade, havia um total de 144 casos registrados em Vargem no dia 23. Ou seja, a mortalidade foi de apenas 2,8 casos.
Porém, das 46 pessoas que contraíram a doença causada pelo novo coronavírus na faixa dos 61 a 70 anos de idade, oito delas não resistiram e morreram. Ou seja, 10% das pessoas nessa faixa etária que contraíram a doença morreram.
Esse número se agrava ainda mais na faixa seguinte. Das 46 pessoas com mais de 70 anos que tiveram a Covid-19 em Vargem, 14 não resistiram e morreram, 30,4% desse total. Ou seja, a terceira idade em Vargem Grande do Sul representa 14,5% de todos os casos da doença no município, mas representa 91% da quantidade de óbitos.
Por isso é de assustar a quantidade de jovens que a reportagem da Gazeta de Vargem Grande flagrou pela rua do Comércio no último sábado, primeiro final de semana da nova regulamentação do funcionamento do comércio, que permitiu a abertura de bares e restaurantes no período noturno.
Do total de casos da cidade, 11% estavam entre 11 a 20 anos, ou seja, adolescentes. Grupo que representa a maioria das pessoas que circulavam pelo Centro no sábado e quase ninguém usando máscaras.
Não é possível afirmar que todos os 24 vargengrandenses que morreram de Covid-19 tenham contraído de pessoas mais novas, mas é inevitável fazer a relação entre a quantidade de casos e de mortes. É visível que a maior parte das pessoas que ficou doente em Vargem era de jovens, com menos de 40 anos. Mas quase todos os que morreram eram idosos.
É proprio da juventude não enxergar riscos e consequências de seus atos. Mas a Covid-19 impõe essa realidade. Não se pode ser inconsequente com algo tão grave. Está insuportável ficar em casa. Está muito difícil não sair para ver amigos. Mas é essencial que ao sair de casa, as pessoas tomem cuidados, mantenham o distanciamento, usem máscara e lavem muito bem as mãos com água e sabão ou usem álcool em gel. Para que uma volta com os amigos não signifique a partida de um avô, uma avó, um amigo mais velho.
Nesta época que o mundo atravessa, é preciso muita responsabilidade e isso não significa ser “chato” ou “paranóico”, significa apenas cuidar de quem ama.

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