O abastecimento de água continua sendo um problema sério para muitos moradores de Vargem Grande do Sul, principalmente para quem mora em alguns bairros da Vila Polar, do Jardim Paraíso II e bairros localizados acima do asfalto, como o Jardim Paulista e imediações. Para melhorar o abastecimento nestes locais, foi aberto neste mês no Departamento de Licitações da prefeitura municipal, uma licitação no valor de R$ 4.038.753,16, para a construção de novas adutoras e cinco reservatórios de água.
A concorrência pública é a de número 002/2021, de tipo menor preço e tem por objeto a execução de obras de sistema de abastecimento de água tratada, envolvendo a construção de adutoras, fornecimento e instalação de reservatórios metálicos com fechamento das áreas, fornecimento, montagem e instalação de quadro elétrico, custeados com recursos provenientes do financiamento feito pela prefeitura com a Caixa Econômica Federal.
A licitação está prevista para acontecer no dia 13 de maio de 2021, sendo que o prazo previsto para início dos trabalhos, segundo o Departamento de Licitação é de 60 dias após a publicação da empresa vencedora do certame. O prazo previsto para a conclusão dos trabalhos é de oito meses, devendo ficar pronto no início do ano que vem.
A nova adutora vai ligar por gravidade o reservatório do Jardim Paulista ao novo reservatório que será construído no Poliesportivo da Vila Santa Terezinha, conforme explicou o prefeito na sua revista de prestação de contas editada antes das eleições municipais do ano passado.
Dos cinco novos reservatórios a serem construídos, segundo informou o superintendente do SAE, Klabin Dei Romero, além do Poliesportivo na Santa Terezinha, um será construído no Jardim Paulista, um no Jardim Dolores, outro no Pacaembu e o último no XXI de Abril, no Jardim Fortaleza, todos com capacidade de 500m3 de água.
Durante sua campanha visando a reeleição para prefeito, Amarildo Duzi Moraes (PSDB) falou das medidas que estava tomando no setor. Após alguns estudos no início da sua gestão anterior, onde a conveniência de terceirizar os serviços de água e esgoto da cidade foi estudada, inclusive com debates junto aos moradores e setores organizados da sociedade, estando nos estudos a possibilidade de a Sabesp ser uma das possíveis empresas a operar o sistema em Vargem, Amarildo mudou de ideia e passou a investir no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE), do município.
Na revista que fez circular falando de seus planos de governo se fosse reeleito, no tocante ao SAE estavam previstos R$ 10 milhões de investimentos, parte com dinheiro financiado e parte com verba do próprio SAE, que passou a dar lucro na gestão de Amarildo, após terminar com enorme dívida na gestão de Celso Itaroti (PTB).
Além da construção de novas adutoras e reservatórios, outra parte substancial dos investimentos eram para a troca da tubulação antiga de ferro da Vila Santana, estimada na época em cerca de R$ 1.100.000,00, da área central da cidade, cujos cálculos apontavam na ocasião um custo de R$ 2,6 milhões e também a troca dos canos velhos da Vila Polar e Santa Terezinha.
Obras atrasadas
Prevista para ter sido iniciada no final de 2019, as obras de troca da rede antiga da Vila Santana ainda não saíram do projeto. Segundo apurou o jornal, a empresa que ganhou a licitação está recorrendo dos valores, uma vez que o custo dos materiais aumentou substancialmente desde que teve início a pandemia do coronavírus. A troca dos canos antigos do centro da cidade prevista para o ano passado, também não se viabilizou até o presente momento.
Trocar as adutoras de ferro da Vila Polar e Santa Terezinha, cuja promessa de campanha era para ter início em 2021, também deve aguardar, uma vez que nem a da Vila Santana e do Centro tiveram início. Os canos antigos de ferro é o que prejudicam a qualidade da água que chega turva nas residências e também causam muita perda por vazamentos, explicava a revista do prefeito distribuída por ocasião das últimas eleições.
Água ainda é a campeã de reclamação dos moradores
A falta de água em alguns bairros é o que mais os moradores reclamam dos serviços prestados pela prefeitura municipal. Sob a responsabilidade do Serviço Autônomo da Água e Esgoto, uma das principais reclamações é que em alguns bairros ela só chega à noite, dificultando a vida dos moradores que dela necessitam nos seus afazeres do dia a dia.
Nesta época de chuvas, com a Barragem Eduíno Sbardellini cheia, o problema não é tão acentuado na cidade toda, mas quando chega o tempo da estiagem e já estamos quase adentrando nele, o problema se agrava. No ano passado, devido à falta de chuvas e o rebaixamento do nível da represa, o prefeito Amarildo Duzi Moraes decretou estado de emergência, com o racionamento de água sendo tomado para que a situação não fugisse ao controle.
Dentre os investimentos previstos, além da licitação para a construção de nova adutora e cinco novos reservatórios, outro trabalho está sendo executado, a cargo do vice-prefeito Celso Ribeiro (Podemos), é a construção de dois novos reservatórios de água junto ao Rio Verde, um acima da atual represa Eduíno Sbardellini e outro logo abaixo, o que, depois de prontos, deverá contribuir sobremaneira para que o problema de falta de água em Vargem Grande do Sul seja amenizado.
População tem sofrido com a falta de água e pedido solução
Basta dar uma volta pelas imediações do Jd. Paraíso II e Iracema, para constatar a falta de água e o transtorno que ela causa nos moradores. Seu Luís Carlos Gindro, que mora na Rua Francisco Sérgio Oliveira, reclama que a água na sua casa só chega à noite e para enfrentar o problema, ele teve de comprar duas caixas de 300 litros para guardar água. Mesmo assim, diz que quando sua família reúne, o problema se torna gritante. Ele está preocupado com a seca deste ano, choveu muito pouco e no seu pensamento vai faltar água. Ele disse que conta com a promessa do prefeito Amarildo para resolver o problema de falta de água no Jd. Paraíso II.
Outro morador que se queixou muito da falta de água, é o sr. Toninho, que mora no Jd. Paulista. Com muitas plantas para cuidar em sua casa, ele teve de recorrer com a compra de mais reservatórios de água para poder dar conta do seu cultivo. Tanto ele como sua esposa, sofrem com a falta de água que só chega a noite em sua casa.
Elaine Santos possui um estabelecimento comercial na Rua Celestino Gorini, no Jardim Fortaleza e contou que torneira sem água é recorrente no local. “Eu tenho um comércio na Rua Celestino Gorini há pouco mais de três anos, mas segundo a vizinhança faz muitos anos que falta água”, contou.
“A água costuma chegar de madrugada, porém é tão pouco que quase não sobe nas caixas de água. Aqui no meu mercado, tenho que fazer estoque de água, armazenar em baldes e galões, isso porque tenho que limpar toda hora os equipamentos e o banheiro fica sem água para a descarga no vaso sanitário”, explicou. “Falei até com dois vereadores, mas cada um fala uma coisa e o problema mesmo ninguém resolveu”, lamentou.
Rosângela Venâncio, moradora da Rua Luzia Dotta da Silva, no Jardim Iracema, também já cansou de se queixar à prefeitura. “Esse problema da água já vem acontecendo há mais de três anos. Ela acaba pelas 9h e vai chegar só à noitona, lá pelas 21h, 22h. E a gente cansa de ligar lá na caixa d’água e eles falam que está tudo ligado e nós aqui sem água, principalmente na minha rua, porque eles falam que o problema é só nessa sua”, disse.
Para conseguir dar conta dos afazeres da casa, a moradora teve que adaptar sua rotina. “Para lavar roupa, tem que levantar bem cedo e, às vezes, nem dá tempo de acabar de lavar roupa, tem que deixar ou para noite ou para outro dia”, contou.
Segundo Rosângela, equipes da prefeitura já foram até o local e chegaram a abrir um buraco na calçada para verificar se havia algo de errado na rede, mas nada foi localizado e ainda não houve o reparo do calçamento. “Tá lá o buraco e quem limpa é meu marido. Falam que é só nessa rua que está dando problema. Se for assim, então é fácil de arrumar, não é a vila inteira. Aí falam que vão fazer um reservatório, que era daqui seis meses e já tá indo pra mais de um ano e até agora nada”, lamentou.
“Nosso bairro está abandonado, na rua paralela com a minha casa, a Rua Pastor José Luís da Silva tem poça d’água criando lodo e mato, nascendo até bucha no asfalto. A gente liga lá e eles falam que vai mandar limpar, mas até agora nada, bueiro tudo entupido, dá até medo”, disse.
No Jardim Pacaembu, os moradores também sofreram nestas últimas semanas com a falta de água, que já de manhã não chegava as torneiras, só chegando bem à noite, mas em pouca quantidade.
E na sexta-feira, dia 16, uma moradora do Jardim São Paulo, entrou em contato com a Gazeta para se queixar também da falta de água em sua residência, que segundo ela se agravou. De acordo com a moradora, que pediu para não ter seu nome divulgado, o abastecimento em sua casa nunca foi regular, mas há cerca de três meses, ficou pior. Ela contou que às segundas, quartas e sextas-feiras, fica sem água das 7h às 15h.
“Eu ligo na prefeitura e me informam que não há problema no bairro e que deve ser na minha casa. Acho que os vizinhos não se queixam, pois muitos têm caixas d’água com capacidade grande, de 3mil litros. Eu tenho uma de 500 litros e outra de 250 litros”, comentou. “Mas eu sofro com a falta de água nesses dias. A água chega aqui em casa lá pelas 4h. Só então que consegue encher a caixa”, disse.
Ela contou ainda que só lava o seu quintal uma vez por semana para evitar desperdício. “Mas tem um vizinho que todos os dias lava a frente e o quintal. E a gente tem que ter consciência. Água é coisa séria”, contou.

reclamações no Jardim Iracema. Fotos do Leitor