Produtores se preparam para a safra de batata deste ano

Previsão de pouca chuva é desafio na safra da batata deste ano. Foto/Unifeob

Os produtores de Vargem Grande do Sul iniciaram o plantio para a safra da batata de 2021. Com início da colheita que segue de julho até final em outubro, a região de Vargem Grande do Sul produz cerca de 60% da safra de batata de inverno do país. No ano passado, a safra aconteceu em meio a pandemia da Covid-19 e os trabalhadores tiveram que adotar protocolos de segurança com relação a doença, o que acontecerá este ano novamente.
A Gazeta de Vargem Grande ouviu uma pessoa que trabalha há muitos anos na cadeia da bataticultura de Vargem que informou que o plantio teve início há cerca de 30 dias e segue por mais 60 dias. Segundo o informado, no mês de maio os produtores vão iniciar as conversas com relação a colheita e trabalhadores.
Sobre a área de plantio deste ano, foi relatado que deve ser igual ou pouco menor que a do ano passado, uma vez que existe o receio de vir um ano difícil para a bataticultura. Em 2020, foram plantados entre 10 a 11 mil hectares da cultura, com uma produção calculada em 9 milhões de sacas, conforme reportagem publicada pela Gazeta de Vargem Grande na época.
Na quinta-feira, dia 15, na cotação de venda em São Paulo, na Praça da Santa Rosa, a saca de batata lavada de 25 quilos estava sendo vendida entre R$ 30,00 a R$ 50,00 dependendo da qualidade do material.
O profissional ouvido pela Gazeta observou que neste momento, é difícil se falar em preço bom ou ruim na venda do produto, porque os insumos estão subindo dia a dia e, consequentemente, o preço da produção a cada dia está mais caro. Se houver uma produção alta, o produtor consegue uma diminuição de custos, mas se a produção for baixa, os custos se elevam muito.
A pandemia, o desemprego, a falta de dinheiro circulando no mercado, além da possibilidade de seca na agricultura para este ano, também devem ser levados em conta nesse cenário. A estiagem prolongada, caso se confirme, pode acarretar em queda de produtividade e da qualidade na batata, causando assim, elevação dos custos de produção.

Desafios
O presidente da Cooperativa dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul (Cooperbatata), Lucas Ranzani, pontuou que a cooperativa está aguardando um levantamento para poder se posicionar a respeito da safra deste ano. Ao jornal, ele comentou que este ano os produtores poderão lidar com a escassez de água e que o plantio está um pouco atrasado.
Já o bataticultor Rodrigo Canela avaliou a safra deste ano como de possível risco. “Eu acredito que é uma safra que já seria meio de cautela, na minha opinião, mas agora pelo que vem sendo demonstrado durante o ano, tanto a situação econômica do país quanto a situação climática que vemos passando, eu acho que aumentou muito o risco”, disse.
Ele explicou que agora não há o que fazer, porque os produtores já tem um planejamento e uma programação feita para a safra. “Mas eu acho que será uma safra extremamente cautelosa, com grande risco de aumentar o preço. Isso porque eu vejo que a pandemia piorou mais a situação em relação à safra do ano passado”, comentou.
O produtor também se mostrou preocupado. “Estou achando que essa safra vai ser complicada. Estou mais para pessimista que otimista por esse cenário que citei. Dependendo do jeito que tiver influência de outras regiões, pode ser que seja uma safra desastrosa. Torço para estar errado”, relatou.
Rodrigo contou que há algum tempo segue sem aumentar sua área de plantio. “Planto em torno de 200 hectares já faz alguns anos e venho mantendo, porque acho que é suficiente. Dá pra trabalhar bem com batata plantando essa área. Se tiver que ganhar, ganha, se tiver que perder, perde, mas é uma área que não me compromete tanto se tiver prejuízo. Como alcancei certa estabilidade, venho mantendo”, explicou.
Ele comentou que este ano, devido ao clima muito seco, a batata da região de Vargem poderá ter problema com água para irrigação. “Vai ter um grande comprometimento, sendo um risco aumentado, porque acreditávamos que a safra teria chuva este ano, mas não veio o que era para ter vindo em janeiro, fevereiro e março, e abril para frente já não é mais de chuva, então estamos com escassez de água”, finalizou.

Trabalhadores deverão seguir protocolos de segurança

Em 2020, foram colhidos cerca de 9 milhões de sacas. Foto: Luís Leite

Sobre os preparativos para receber os trabalhadores sazonais, a Gazeta verificou que no mínimo, deverão ser adotados os mesmos procedimentos do ano passado, como palestras, orientações junto aos trabalhadores, uso de máscaras, higienização, distanciamento no transporte e, principalmente, os testes que foram realizados nos trabalhadores que vieram de outros estados, conforme determinação dos decretos municipais.
A expectativa é que em maio tenha início uma série de reuniões com sindicatos, turmeiros e Prefeitura, para definir os protocolos de segurança contra Covid, visando sempre o bem estar e saúde não só dos trabalhadores, mas também de todos os envolvidos e da população em geral. “O que também é interessante ressaltar é que os trabalhadores de outros estados nos dizem que estão com mais medo que nós em vir para nossa região em razão da pandemia”, relatou um profissional ouvido pelo jornal.
Em sua avaliação, pela atual conjuntura da pandemia, os produtores vão empregar somente o necessário para a colheita. “A intenção é reduzir o número de migrantes, porém esses trabalhadores migrantes vêm por conta própria, uma vez que os mesmos sabem que no período de julho a outubro tem a colheita da batata e isso já acontece há décadas, mas iniciaremos as conversas com todos envolvidos na cadeia da batata no mês de maio”, pontuou.
“Serão adotados, no mínimo, os mesmos cuidados que foram adotados no ano de 2020, onde não tivemos nenhum problema em relação ao Covid com o pessoal migrante que veio pra colheita da batata, mas de qualquer forma vamos respeitar e acatar todo e qualquer orientação que o setor público nos passar”, finalizou.

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