Empresas de Vargem também sofrem com o coronavírus

Indústrias de Vargem relatam protocolos de prevenção à Covid. Foto: Reprodução/Imagem ilustrativa

Muitos comerciantes têm questionado por que somente o comércio da cidade está com restrições de abertura devido ao decreto do prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), em vigor desde sexta-feira da semana passada, não podendo ter atendimento presencial ao público, numa tentativa do chefe do Executivo de diminuir a contaminação da Covid-19, que desde o mês passado tem aumentado muito no município, provocando lotação no Hospital de Caridade e também a morte de muitos vargengrandenses.
Da mesma forma, os comerciantes questionam por que as indústrias e outras empresas do município não sofrem as mesmas consequências do decreto e nas redes sociais, muito se lê que “o fechamento tem de ser para todos e não somente para os comerciantes”. Também questionam que em muitas dessas empresas, estaria havendo contaminação do coronavírus entre seus funcionários, numa proporção maior até que no comércio local.
A reportagem do jornal Gazeta de Vargem Grande entrevistou os responsáveis por algumas das principais empresas e indústrias da cidade para saber como está sendo o enfrentamento da Covid-19 junto aos seus funcionários e quais procedimentos estão sendo tomados para evitar uma contaminação maior do vírus.
Foram enviadas cerca de dez perguntas a essas empresas para saber sobre como está o enfrentamento ao coronavírus. Somente duas empresas não responderam: a Ebara Bombas América do Sul Ltda (EBAS), multinacional japonesa que em 2015 adquiriu a Bombas Thebe e possui centenas de empregados em Vargem Grande do Sul e também a Abengoa Bioenergia São João, multinacional espanhola que, embora instalada em São João da Boa Vista, emprega centenas de trabalhadores vargengrandenses. Em ambas as indústrias foram relatados muitos casos de contaminação entre seus funcionários pelo coronavírus.

Atividades essenciais podem funcionar
Com a chegada da pandemia no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro decretou em abril do ano passado, que as atividades de construção civil e industriais são essenciais em meio à pandemia do novo coronavírus. Ao serem classificadas como essenciais, as atividades e serviços podem continuar em operação mesmo durante restrição ou quarentena em razão do vírus.
O governador João Dória (PSDB) também editou decreto suspendendo a atividade de comércios em geral, para que não houvesse aglomerações, como no caso dos shoppings e consumo local, como nos bares e restaurantes, que só poderiam funcionar em esquema delivery e em alguns casos em drivetrhu. O prefeito Amarildo segue as normas dos decretos federais e estaduais que normatizam o combate à pandemia do coronavírus.
As atividades industriais, de forma geral, assim como os serviços ligados à saúde, alimentação, abastecimento, bancos, limpeza, segurança e comunicação social, são classificadas como atividades essenciais pelo Ministério da Saúde, sendo aquelas tidas como indispensáveis para o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, que uma vez não atendidas, poderiam colocar em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.

Empresas Morandin estão atentas aos casos

José Luiz Morandin falou à Gazeta

A Gazeta de Vargem Grande indagou qual o número de funcionários das empresas que têm como sócio proprietário o industrial José Luiz Morandin, sendo informada que os colaboradores no conjunto das empresas Morandin Industrial e Comercial Ltda, Morandin Ferro & Aço Ltda, Cerâmica Barro Forte Ltda e Cerâmica Morandin Ltda, no momento é de 274. “Estamos fazendo a somatória das mesmas, uma vez que as empresas situam-se fisicamente dentro de uma área com acesso/portaria único”, respondeu a direção.
Sobre o número de contaminados pela Covid-19 este ano, a informação passada é que na somatória das empresas, em 2021 até o momento houve 34 casos confirmados, sendo que nos últimos dois meses houve um aumento de contaminados. Com relação às medidas que as empresas têm tomado quando um funcionário adoece pela Covid-19, a resposta foi que são aquelas que fazem parte do protocolo. “Os colaboradores com sintomas são orientados a informar a empresa e devem dirigir-se imediatamente ao Gripário Municipal para seguirem as orientações do mesmo, fazendo a quarentena e outros procedimentos indicados”.
“Salientamos que tivemos vários casos de colaboradores, que mesmo permanecendo em casa seguindo as orientações do Gripário Municipal, receberam também acompanhamento diário, à distância e/ou presencial, do médico dr. José Gustavo Bombini”, informou a direção das empresas.
Respondendo sobre o protocolo que a empresa segue para evitar a contaminação de seus funcionários, a resposta foi que todos são orientados a cumprirem os protocolos referente a Covid-19, como usarem máscaras, realizar a higiene das mãos, manter o distanciamento necessário e outros.
Perguntado se o proprietário das empresas tem feito teste de Covid-19 entre os seus colaboradores, as empresas Morandin responderam que os testes de Covid-19 entre os colaboradores foram feitos nos momentos necessários e nos setores onde tiveram alguns casos, sendo a ação feita sob a orientação do médico José Gustavo Bombini.
Com relação ao impacto que a doença traz no dia a dia das empresas, o empresário José Luiz Morandin respondeu que o mesmo teve que ser absorvido, readequando alguns setores onde existiram casos. “Tivemos a felicidade de não termos simultaneamente um número elevado de casos em determinado setor. Os casos foram aparecendo e seguindo os protocolos não houve um aumento expressivo”, afirmou o industrial. Também comentou que a sempre que foi necessário orientações e esclarecimento de dúvidas a respeito, os órgãos competentes deram o respaldo necessário.
Ao ser perguntado como avalia a atuação do poder público municipal no combate ao Coronavírus, a resposta foi de que tem sido eficiente e exemplar. “Avaliamos que a atuação do poder público em relação a pandemia tem sido muito eficiente e exemplar. O prefeito Amarildo tem constantemente dado informações da situação e orientando todos na maneira de conseguirmos acabar ou diminuir o tamanho do problema”, disse o industrial.
Também para a direção da Morandin, a vacinação da Covid-19 no município tem sido muito eficiente. “Pelos números e comparado a outros municípios podemos ver que estamos vacinando pessoas com idade inferior a outras cidades. Infelizmente não temos número de vacinas suficientes, mas isso independe da vontade do poder público municipal, pois o volume de vacinas é determinado por órgãos federais”, enfatizou José Luiz Morandin.

Café Pacaembu adota todos os cuidados

Flávia Simões, do Café Pacaembu. Foto: Arquivo Pessoal

A Gazeta também procurou o Café Pacaembu, sendo atendida pela coordenadora de marketing, Flávia Simões Baldin e esta ressaltou que a indústria está tomando todos os cuidados com relação ao combate do coronavírus entre seus funcionários.
“Seguimos todos os protocolos de prevenção, como o distanciamento, implementação do trabalho home office, uso de máscara, medição de temperatura, álcool em gel em todos os setores, não recebemos fornecedores e as reuniões são online” explicou.
Flávia ressaltou que a empresa implementou turnos diferentes para evitar a aglomeração na produção, afirmando que ela mesma, que é do setor administrativo está em home office há mais de um ano. A reportagem segue na página 3.

Covid-19 complicou a vida das empresas

Libaninho, da Metal Laje, criticou o governo federal. Foto: Arquivo Pessoal

O industrial Libânio Coracini Filho, sócio proprietário da Metal Laje Indústria e Comércio também se manifestou a respeito do que está acontecendo em sua empresa com relação ao coronavírus.
Com 50 funcionários internos e mais 11 externos, segundo o empresário este ano houve apenas dois funcionários contaminados na Metal Laje e quatro suspeitos com negativação posterior. Que nos últimos dois meses, não houve contaminação dos seus colaboradores, mas sim de parentes deles.
Seguindo o protocolo, Libaninho disse que tão logo haja suspeita de que o trabalhador esteja contaminado, ele é afastado, imediatamente é feito e teste e fica-se esperando o resultado do exame. Na empresa é obrigatório o uso de máscara e proibido a aglomeração, assim como é trabalhado a conscientização para todos lavarem as mãos com frequência.
Com relação à pandemia e seus efeitos na empresa, o industrial afirmou que por causa da Covid-19, o dia a dia torna-se mais difícil, pois tudo fica complicado, desde a compra de uma peça de reposição até a realização de uma manutenção que dependa de pessoas externas, pois muitos profissionais estão também doentes ou têm medo de se exporem.
Ele confirmou que já teve a visita da saúde municipal no ano passado na sua empresa devido ao maior número de casos, mas que neste ano não, porque só teve dois casos de contaminação no ambiente de trabalho.
Indagado sobre como vê a atuação do poder público com relação à pandemia, o empresário foi enfático ao afirmar: “Lamentavelmente o poder público federal através do Presidente só fez besteiras. Até hoje, não entendo porque ele não comprou vacinas, até hoje não entendo porque ele não chamou a população para colaborar com as recomendações básicas de combate a infecção, até hoje não entendo porque ele não usa máscara, enfim, só contribuiu com a ignorância e desinformação”.
Quanto ao poder público municipal, Libaninho afirmou que o prefeito Amarildo Duzi Moraes está indo bem dentro das suas limitações, mas elogiou o ritmo das vacinações na cidade, que no seu entender está indo muito bem. “Estamos na frente de várias cidades e eu mesmo já tomei a primeira dose e achei o esquema bem organizado”, comentou.

Para empresário, setor deveria receber ajuda do governo

Jair é diretor da Fuzil e provedor do Hospital de Caridade. Foto: Arquivo Pessoal

Sócio do Grupo Fuzil, o empresário Jair Gabricho, que também é provedor do Hospital de Caridade, afirmou que os impactos são os mais diversos junto a empresa, uma das que mais emprega na cidade, devido à pandemia do coronavírus.
“Desde a execução do trabalho e tarefas do dia a dia, nos custos adicionais, na prevenção, no afastamento e tratamento, na paralisação e queda em vendas pelo fechamento total ou parcial de empresas em algumas regiões as quais são obrigadas a fechar, afim de arrefecer a circulação e consequentemente a contaminação das pessoas”, cita o empresário.
Para ele, o impacto social e econômico é muito severo, só em menor escala para as empresas denominadas de essenciais, ou seja, aquelas que não podem paralisar suas atividades devido à sua importância na cadeia produtividade e de distribuição, como por exemplo a indústria farmacêuticas, gêneros alimentícios, máquinas, peças, transportes, distribuidores e outros.
Explica que atualmente, devido à alta do dólar e principalmente à forte demanda externa, o único setor que está indo muito bem e acredita não precisa de ajuda é o agrícola. “Todos os demais setores ou segmentos foram duramente afetados, principalmente o de hotelaria, bares, restaurantes e academias, os quais entendo deveriam receber algum tipo de auxílio dos governos federal e estadual enquanto permanecem fechados”, concluiu.
Com 170 funcionários no regime de CLT e outros 250 terceirizados, a Fuzil contabilizou 24 casos confirmados entre março de 2020 a junho de 2021, sendo que desse total, nenhum óbito e somente duas pessoas precisaram ser tratadas em ambiente hospitalar.
Até o mês de janeiro deste ano, nenhum funcionário tinha se contaminado, mas em fevereiro foram 12, em março um, abril três e em maio oito contraíram a doença. Quando isso acontece, Jair informou que o departamento de Recursos Humanos é colocado em ação para que os infectados recebam todos os cuidados necessários.
O home office tem sido adotado na empresa nestes tempos de pandemia, assim como os protocolos preconizados pela Saúde. “Todos os funcionários em que as respectivas funções permitam ou seja possível o trabalho em casa, acordamos com os mesmos para que continuem exercendo suas funções em home office” falou. Explicou que é feito um preenchimento diário de um pequeno questionário sobre o estado de saúde do colaborador, aferição de temperatura e caso se detecte qualquer tipo de alteração, o mesmo é colocado imediatamente em home office e se necessário sob cuidados médicos por meio de plano de saúde da empresa.
Com relação aos protocolos realizados pela Fuzil, citou que é feito a desinfecção dos veículos na entrada da empresa; distribuição de máscaras e exigência de utilização da mesma; distribuição em locais apropriados de álcool em gel para higienização; redistribuição da quantidade máxima de funcionários por departamentos ou estações de trabalho; restrição da quantidade máxima de pessoas em refeitórios, salas e auditórios; desinfecção de toda empresa a cada 14 dias e controle e restrição de número de pessoas em circulação dentro e fora da empresa por funcionários, terceirizados ou visitantes.
Disse que os testes para detectar a presença do coronavírus são realizados somente se algum funcionário for afastado por sintomas da doença e tiver orientação médica para tanto e que quando há casos de doença, eles são comunicados e monitorados pela saúde municipal.
Jair Gabricho afirmou que a conduta do governo federal com relação ao combate da pandemia do coronavírus no Brasil é desastrosa. “O Governo Federal não entendeu a gravidade da doença, não orientou, continua não orientando e o pior, negando a melhor e única forma de evitá-la ou ao menos diminuir o contágio, uma vez que retardou e ignorou a compra de vacinas, causando milhares de mortes desnecessárias, usou recursos em medicamentos sem comprovação científica e deixou de investir e comprar medicamentos necessários ao tratamento”, ponderou o empresário.
Jair também condenou a desorganização do governo federal ao distribuir no seu entender, bilhões de Reais por meio do auxílio a pessoas que não precisavam e não deveriam receber e agora falta recursos para auxiliar quem precisa.
Para ele, o governo federal não criou nenhum projeto de ajuda para os segmentos que necessitaram e estão necessitando, citando como exemplo o setor do comércio que agora está sem trabalhar por causa do fechamento parcial ou total de suas atividades. “Para os hospitais, especificamente para o nosso Hospital, as verbas liberadas diretamente ou através de convênios com os Estados se esgotaram em fevereiro e desde então, no pior momento, continuamos aberto e salvando vidas graças aos recursos exclusivamente municipal e de doações”, asseverou.
Com relação ao combate à Covid-19 que ocorre no município, Jair Gabricho disse que o município segue religiosamente o Plano Nacional de Imunização (PNI), possui uma boa estrutura com bons profissionais e com isso consegue estar à frente da grande maioria dos municípios do Brasil.
Ao comentar sobre o fechamento ou não de empresas, falou que infelizmente quando o índice de contaminação esteja aumentando, ele acredita que seja realmente necessário fechar com o intuito de diminuir a circulação de pessoas, evitando o aumento da contaminação e consequentemente o colapso do sistema de saúde e mortes desnecessárias.
Em relação ao fato de algumas empresas não fecharem, ele entende que segmentos considerados essenciais conforme dito acima, necessitem continuar abertos. “Como faríamos sem medicamentos, sem alimentos, quem iria transportar os produtos até o ponto de consumo ou comercialização e as peças para máquinas que produzem alimentos, medicamentos e outros? Entendo e sinto o grande sacrifício das empresas em setores não essenciais, ou seja, as quais conseguimos sobreviver ao menos por um período sem o seu serviço ou seu produto, mas nesses momentos necessários que seja feito esse controle, porém, acredito que o Governo Federal deveria criar formas de ajudar os segmentos afetados”, explicou.
“Finalmente, acrescentaria a necessidade de enxergarmos e refletirmos sobre a pandemia sem paixões ou credos políticos, pois, o vírus não tem partido, não tem lado, não escolhe o certo ou errado. O vírus para a maioria, mesmo que detectado, é imperceptível, para muitos causa apenas um mal estar e para alguns adoece e mata. São essas pessoas que o vírus adoece e mata que devemos pensar e proteger”, pede o empresário.
Ele também alertou sobre a necessidade das pessoas se protegerem e acreditarem na ciência. “Para nos proteger, devemos acreditar em quem sempre nos salvou, melhorou a qualidade de vida e a longevidade de todos os seres humanos. A Ciência! Assim sendo, temos que vacinar, usar máscaras, manter o distanciamento, diminuir a circulação de pessoas para diminuir a contaminação e fazer a higienização”, concluiu.

Poucos casos no setor cerâmico

José Maurício Cavalheiro, do setor cerâmico. Foto: Arquivo Pessoal

A depender da contaminação nas indústrias cerâmicas do empresário José Maurício Cavalheiro, o setor, que é um dos mais ativos na cidade, não tem muitos casos de contaminados pela Covid-19.
Sócio proprietário das Cerâmica Paulista, com 39 funcionários e Cerâmica Santo Antônio, com 29 funcionários, José Maurício disse que houve apenas dois casos positivos entre seus funcionários, porém sem internações.
Que quanto os colaboradores foram constatados com a doença, eles foram afastados imediatamente e foram adotados os procedimentos normais que estão sendo preconizados pela saúde municipal.
José Maurício afirmou que devido à pandemia, o dia a dia na empresa passou a ser de maior preocupação e cuidados em relação a higiene pessoal e contato entre os funcionários.
Dado aos poucos casos, sua empresa não recebeu a visita da Saúde Municipal. Para o industrial, o poder público municipal tem agido com bastante competência e energia no combate ao coronavírus e ele acredita que a vacinação no município vai indo bem, apesar das poucas quantidades de vacinas.

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