Geada afeta produção e pode influenciar preço da batata

Os produtores de batata da região de Vargem Grande do Sul, que vinham se ressentindo com o baixo preço no início desta safra, com indícios de grandes prejuízos, começam a fazer novas contas devido à geada que aconteceu na madrugada desta segunda-feira, dia 19 de julho.
Com cerca de 10.000 hectares plantados na região, a previsão da atual safra de batata era de colher entre 750 a 800 sacas por hectare, perfazendo em torno de 8 milhões de sacas a safra 2021 na região de Vargem Grande do Sul.
A geada que aconteceu no começo desta semana pode ter afetado em até 30% a produção, o que deve reduzir a atual safra para algo em torno de 6 milhões de sacas, influenciando bastante na oscilação do preço, fazendo o mesmo subir a partir desta semana, invertendo uma situação de baixa que vinha prevalecendo devido até então à alta produtividade apresentada na colheita antes da geada.
Segundo informou o agrônomo da Cooperbatata, Fábio Oliveira, ao jornal, a geada foi muito forte, atingindo plantações em várias cidades da região, cujos produtores são de Vargem Grande do Sul. Das 750 a 800 sacas por hectare previstas, novas previsões indicam algo em torno de 600 sacas por hectare. Essa diminuição deve impactar o preço da batata agora e no futuro, pois a safra está apenas começando e vai se estender até o mês de outubro.
O jornal apurou que tem produtor que pode perder toda a lavoura, sendo necessário passar a grade, pois sua plantação foi atingida em cheio pela geada. Outros, terão produtividade menor, uma vez que dependendo do período em que estiver a lavoura, os tubérculos não vão encher (crescer) o suficiente.
A região onde se planta batata, compreende além de Vargem Grande do Sul, as cidades de São José do Rio Pardo, Itobi, Casa Branca, Mococa, Santa Cruz das Palmeiras, Porto Ferreira, Aguaí, Mogi Guaçu e São João da Boa Vista. O município onde ocorre a maior área de plantio é em Casa Branca, que ostenta uma das maiores áreas irrigadas do Estado de São Paulo. O município de Vargem por ser pequeno, tem uma das menores áreas de plantio.
Em torno de 100 produtores plantam nesta região, sendo que destes, mais de 80%, segundo apurou a reportagem do jornal Gazeta de Vargem Grande, são do município de Vargem Grande do Sul, onde está instalada a Cooperbatata e também a Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul-ABVGS, que plantam em terras próprias e também em áreas arrendadas.

Geada atinge plantação de batata na região, nesta semana e provoca queda na produção. Nova geada é esperada para os próximos dias. Foto: revista cafeicultura

Início de safra com preço baixo

Ao contrário dos três últimos anos em que o início da safra de batata da região de Vargem Grande do Sul começava com bons preços, este ano estava acontecendo o contrário. Os preços estavam baixos e apontavam para prejuízo aos produtores se continuasse mantendo ou caindo ainda mais nos próximos dias. Mas a forte geada que houve no começo da semana pode mudar a situação.
Na última semana, antes da geada, segundo informações da revista HF Brasil e também dados colhidos junto ao Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que faz parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), unidade da Universidade de São Paulo (USP), localizada em Piracicaba, a queda se devia pelo aumento de oferta com a intensificação da colheita de inverno nas diversas praças produtoras.
Segundo o Cepea, “na sexta-feira, dia 16, os preços acabaram tendo uma leve alta, pelo fato de produtores terem segurado um pouco a colheita, e também devido às chuvas no Sul. Nas lavouras, produtores relataram uma safra com boas produtividade e qualidade, sem significativos problemas fitossanitários. Nas próximas semanas, a previsão era que os preços da batata deveriam continuar caindo, já que a safra de inverno seguia se intensificando.
Na semana passada, o Centro de Estudos apontou que entre os dias 12 e 16 de julho, a batata tipo ágata especial/saca de 50 kg ficou em R$ 59,45 (-11,92%) em São Paulo (SP), em R$ 54,44 (-20,87%) no Rio de Janeiro (RJ) e em R$ 56,51 (-12,05%) em Belo Horizonte (MG). Também no banco de dados consta os preços da batata produzida em Vargem, sendo que no dia 21 de julho, para o padrão ágata especial, o preço era de R$ 60,00 e para o padrão ágata de primeiro, R$ 29,80, a saca de 50kg.
No começo desta semana, a reportagem da Gazeta de Vargem Grande apurou que o preço da saca de 50k paga ao produtor na roça, estava em torno de R$30,00, causando um enorme prejuízo, mas já havia uma forte reação devido à geada, com os produtores pedindo em torno de R$ 50,00 a saca, com tendência a subir ainda mais. O custo para produzir uma saca estaria entre R$ 40,00 a R$ 60,00, dependendo do produtor e da produtividade de sua safra. Assim, o ideal seria o produtor estar recebendo acima desses valores para não ter prejuízo e obter lucro.
A queda dos preços acendeu o alarme junto à Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul, que pede a união dos produtores e sugere a todos que tenham muita atenção quanto ao preço de comércio, principalmente depois da geada que aconteceu na segunda-feira, dia 19, que atingiu a plantação de batata no município de Vargem e região, com um dano previsto em torno de 20 a 30%. “Precisamos nos unir neste momento para que todos possam superar esses prejuízos e ter uma boa safra”, pede a ABVGS aos seus associados.
Os produtores esperam uma reação a partir da semana que vem, devido à geada, que tem como efeito também levar à falta de batata no mercado. Eles lutam para que o preço chegue ao menos a R$ 60,00 a saca paga ao produtor. Uma das possibilidades, é segurar a colheita, diminuindo a oferta do produto. Tarefa um tanto difícil, pois envolve mais de uma centena de produtores e cada um em um momento especial da safra. Tem grande produtor que se não colher a batata, corre o risco de o produto perecer ou perder valor se ficar muito tempo na terra.

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