Jair Gabricho vai continuar à frente do Hospital de Caridade

Jair, o deputado Barros Munhoz e o prefeito, no Hospital de Caridade, em junho, quando foram anunciados R$ 500 mil para a entidade

Não foi fácil o desafio que os novos dirigentes do Hospital de Caridade assumiram no início de 2021. O hospital estava sem diretoria e correndo o risco de fechar por falta de administração. Na ocasião, o empresário Jair Gabricho e um grupo de pessoas atenderam a uma solicitação do prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) para administrar a entidade em um mandato tampão até o dia 30 de junho de 2021, quando novas eleições seriam realizadas.
Como ninguém se apresentou para disputar as eleições, o grupo, que conta também com o Conselho Deliberativo administrado por Cássio Abrahão Dutra e Carlos Rodrigo Carvalho como presidente do Conselho Fiscal, continuou até 31 de dezembro deste ano e deve continuar com um mandato tampão até 30 de abril de 2022, podendo ser prorrogado por mais períodos se todos estiverem de acordo.

Dívida diminuiu mais da metade
Em entrevista ao jornal Gazeta de Vargem Grande, o provedor Jair Gabricho falou da experiência que foi administrar o Hospital de Caridade em 2021, quais os principais problemas enfrentados e as expectativas para 2022.
No balanço que apresentou, Jair disse que sua equipe assumiu o hospital com uma dívida de cerca de R$ 4.300.000,00. Também o déficit orçamentário era de R$ 4.500.000,00 no ano de 2021, o que dava um valor negativo de R$ 8.800.000,00 a ser enfrentado neste ano.
Diminuir custo e aumentar a receita foi a fórmula encontrada pela equipe para equacionar o gravíssimo problema que ameaçava fechar a principal entidade de saúde do município. Como havia muito pouco a mexer no corte das despesas, pois o hospital já trabalhava com uma estrutura muito enxuta, segundo Jair, foi buscar nas receitas a alavanca para tirar a entidade do déficit financeiro que estava.
Para tanto, era necessário ter uma maior transparência e visibilidade das contas para melhor entendimento da população, para que todos pudessem entender como funciona o hospital, qual a causa de tamanho déficit. Criar um site na internet para que todos pudessem acessar e ver como eram feitos os gastos e as verbas recebidas, foi um dos primeiros atos da nova diretoria, para que todos pudessem verificar as doações recebidas e todas as despesas efetuadas.
A principal causa do déficit hospitalar é a forma vexatória como o SUS remunera a entidade, segundo explicou Jair. Citou que o Hospital de Caridade recebe mensalmente do SUS, R$ 176 mil para todo o custeio dos internados pela Sistema Único de Saúde, como todo medicamento usado, honorários médicos, materiais, energia elétrica, manutenção, alimentação e estadia dos pacientes internados pelo SUS. Só para exemplificar, o provedor disse que neste mês de dezembro já foram gastos cerca de R$ 200 mil só em medicamentos no hospital. A folha de pagamento dos funcionários hoje fica em R$ 390 mil por mês, contando salários, impostos, 13º salário, férias, etc.
“Neste sentido, nós buscamos com todas nossas forças doações junto às empresas, às entidades, às pessoas, através de lives, das contribuições através do IPTU, e conseguimos uma resposta muito forte por parte da sociedade, das empresas, que nos ajudou sobremaneira equalizar o déficit deste ano e diminuir consideravelmente nossa dívida. Pagamos R$ 2.300.000,00 e estamos devendo R$ 2.000.000,00”, afirmou Jair.

Foram realizadas mais de 700 cirurgias
Mas, maior feito na visão do provedor, foram os serviços prestados pelo hospital à população, o que demonstra o quanto ele é importante para a cidade. “Este ano fizemos mais de 700 cirurgias de emergência e urgência e a partir de agosto, com a transferência dos pacientes com covid para Casa Branca, deu-se início às cirurgias eletivas 100% gratuitas para os usuários, procurando diminuir consideravelmente a fila que existia. Nossa intenção é que ninguém mais tenha de esperar longos períodos para fazer as eletivas, desde que tenhamos a especialidade aqui e que sejam de média e baixa complexidade”, falou o provedor.
A expectativa, segundo Jair, é que uma vez detectado a necessidade da cirurgia, ela não demore mais que 30 a 45 dias, que é o tempo exigido para os exames e demais consultas pré-operatórias a respeito.
Sobre a covid-19, o provedor falou o quanto foi importante a atuação do hospital. Quando a pandemia atingiu o pico entre maio, junho e julho, houve mais de 180 internações da doença em um mês a um custo altíssimo para a entidade. “Só para se ter uma ideia, nós recebíamos um caminhão de oxigênio a cada dois dias. Nossa média de gasto de oxigênio saltou de R$ 15 mil por mês para mais de R$ 230 mil nesta fase mais aguda da doença. Mesmo com todas as dificuldades, conseguimos atender milhares de pessoas e salvar centenas de vidas. Por isso as doações são tão importantes, o Hospital de Caridade salva vidas”, exclamou Jair Gabricho.

Plano de Saúde foi regularizado
Outra importante fonte de renda do hospital, o Plano de Saúde também foi regularizado pela atual administração. Caso não fosse regularizado, o plano corria o risco de ser multado e até mesmo fechado, segundo Jair. Essa pendência vinha desde 2019 e para melhorar a atuação do plano, foi adquirido um softer para melhorar o atendimento e era uma exigência da Agência Nacional da Saúde-ANS. Também foi criado um site para o plano.
Dentre os avanços citados pelo provedor, também está a implantação do ticket alimentação para os funcionários da instituição, acertar os repasses que estavam atrasados desde agosto de 2020 junto ao Corpo Clínico, foi regularizado o plantão à distância e presencial que estava atrasado desde janeiro deste ano. Com relação à dívida com o Corpo Clínico, Jair disse que ainda há uma dívida no valor de R$700 mil a ser saldada. Dívida esta que vem desde 2019.

Investimentos também estão sendo feitos
Além das dívidas pagas, também foram feitos vários investimentos no hospital em 2021. Jair citou que sua equipe assumiu com duas obras, mas ambas paralisadas por falta de dinheiro. A reforma do ambulatório e também do Setor B. “Havia dinheiro consignado para a compra de materiais, mas faltava para a mão de obra e estas obras estavam paradas”, explicou.
Os recursos foram então viabilizados e as obras tiveram prosseguimento a todo vapor e deverão ser entregues em março de 2022. “O ambulatório visa dar mais conforto e melhor atendimento aos usuários, e era uma exigência da Saúde”, falou o provedor. Quanto ao Setor B, explicou que vai melhorar a hotelaria do hospital, podendo atender um maior número de cirurgias.
Obras extremamente necessárias e que não estavam previstas, também tiveram de ser feitas, como a implantação de toda a linha de oxigênio, onde foram gastos mais de R$ 120 mil. O Setor B teve de ter todo o telhado trocado, pois estava a ponto de ruir, sendo gastos na reforma de 785m2 de telhado, mais de R$ 100 mil. A lavanderia também está em reforma, já foram aplicados cerca de R$ 30 mil e deve ser entregue em março de 2022.
Em fevereiro do ano que vem tem início a reforma da cozinha, uma obra imprescindível para o bom funcionamento do hospital e também está previsto a reforma do laboratório, visando agilizar e melhorar os exames laboratoriais da entidade.
Uma coisa que pode parecer simples, mas que define a qualidade de atendimento de um hospital, é a área de enxovais. Roupas de cama, como lençóis, fronhas, cobertores, as roupas cirúrgicas, são muito necessárias e as do Hospital de Caridade estavam em condições precárias, sendo necessário a compra de R$ 50 mil só em tecidos, fora a mão de obra, outro investimento feito pela atual equipe administrativa.
O provedor falou que ainda foram reformadas duas autoclaves, que estavam paradas; com gastos de cerca de R$ 20 mil; consertados quatro focos cirúrgicos; comprado cinco novos aparelhos de ar condicionado e reformados outros que estavam detonados, deixando áreas importantes como o pós operatório sem estas melhorias e reformados os compressores que davam sustentação a toda área de ar do hospital.
Outros investimentos importantes planejados para o ano que vem, são a instalação de um complexo de energia solar fotovoltaica para atender o hospital, cuja verba para sua viabilização está em estudos junto ao governo do Estado, com juros de 0% e 10 anos para pagar e a construção de uma usina de oxigênio, com verba parlamentar que está em estudos junto ao deputado estadual Rafael Zimbaldi do PSB.
“Também está nos nossos planos reformar a antiga área onde funcionava o Raio X, visando receber o Pronto Socorro da Prefeitura, que se os entendimentos derem certos, passarão a acontecer dentro do hospital”, disse Jair.

Elogio à equipe
Com todo este trabalho realizado, o provedor Jair Gabricho é só elogios para sua equipe administrativa e demais membros dos conselhos que atuam junto ao Hospital de Caridade. “São pessoas extremamente competentes, cada um em sua área de atuação e sem os quais jamais teríamos chegado onde estamos”, afirmou o provedor.
Ele citou como exemplo, o trabalho que o tesoureiro Valmir Costa vem fazendo na parte financeira; o que Juninho Pipers na parte de comunicação; o vice provedor Alessandro Souza o ajudando na área administrativa; Guilherme C.P. Oliveira na implantação de projetos e os advogados Márcio Mengali e Marcos Barion nas negociações e contratos realizados pelo hospital.
Citou a parceria com o Poder Público Municipal, nas pessoas do prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) e do vice Celso Ribeiro (Podemos), sem os quais não seria possível as realizações deste ano; da importante atuação dos vereadores municipais, através de doações e emendas conseguidas junto aos parlamentares – mais de dois milhões de reais em custeio e investimento; da ajuda imprescindível da Associação Setembro, da compreensão e dedicação de todos os funcionários da entidade e também do corpo clínico e de outras pessoas jurídicas e físicas que tanto contribuíram para que o Hospital de Caridade não fechasse.
Para 2022, Jair Gabricho espera que seja um ano bem melhor, concluindo as obras, fazendo mais investimentos e baixando a dívida para cerca de R$ 1.000.000,00. “Foi um ano muito difícil, principalmente devido à pandemia do coronavírus. Achávamos que não iríamos conseguir, mas todos juntos, conseguimos”, afirmou o provedor. Ele termina a entrevista agradecendo a toda a sociedade pela ajuda ao Hospital de Caridade e fala que vale a pena investir na entidade. “Salvamos centenas de vidas e sem o Hospital de Caridade, certamente muitas vidas seriam ceifadas”, finalizou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário
Por favor insira seu nome aqui