Devotos falam sobre a fé em Nossa Senhora Aparecida

Monumento no início da Via Crucis em Vargem, celebra os 300 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Aparecida, no rio Paraíba. Foto: Arquivo

Fé é algo inexplicável. Ou se tem fé, ou se procura explicações racionais para coisas que às vezes a racionalidade ou até mesmo a ciência não explica. Fé em Nossa Senhora Aparecida é uma questão nacional. A grande maioria católica do Brasil tem fé em Nossa Senhora Aparecida, desde os mais humildes, simples, até quem tem mais dinheiro ou estudos.
Na próxima quarta-feira, dia 12 de outubro, é comemorado nacionalmente o dia de Nossa Senhora Aparecida. Tornado lei e aprovado pelo Congresso Nacional, a data foi estipulada desde o ano de 1980, com a consagração da Basílica pelo Papa João Paulo II. 
Segundo conta a história, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada em 1717 pelos pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves nas águas do rio Paraíba, próximo do Porto de Itaguaçu, na Vila de Guaratinguetá, em São Paulo. Os pescadores tinham a missão de conseguir alimento para a festa de recepção do Conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida, governante da capitania da cidade de São Paulo e de Minas de Ouro na época, que estava de passagem pela cidade.
“Os três não se conformaram por não ter conseguindo pescar nada, fizeram uma oração pedindo a ajuda da Mãe de Deus. Quando estavam prestes a desistir da pescaria, João Alves arremessou a rede novamente e fisgou uma parte do corpo da imagem escura de Nossa Senhora Aparecida. Emocionado, lançou a rede pela segunda vez conseguindo fisgar a cabeça da imagem. Em seguida veio o milagre. As redes enchiam-se de peixes, o que os deixou preocupados com o perigo do barco virar e perder todos os peixes apanhados”, relata a história da aparição da Padroeira do Brasil.
A imagem escura, como a cor da maioria dos brasileiros descendentes de escravos e índios que ajudaram na miscigenação e construção da população do Brasil, contribuiu para a mística da mãe amorosa e protetora da nação brasileira, cujo povo católico solicita sua intercessão junto a Jesus e a Deus, nos momentos de angústia e aflição. Quando só resta a fé para conseguir um milagre ou uma graça.

“Com certeza foi um milagre”
Para ilustrar esta matéria sobre o dia consagrado a Nossa Senhora Aparecida, a reportagem da Gazeta de Vargem Grande entrevistou Rosemary Guido Correa, 52 anos, casada, mãe de dois filhos, moradora do Jardim Paraíso II e muito conhecida na sua comunidade.
Devota de Nossa Senhora Aparecida há mais de 30 anos, Rosemary contou a sua história de vida e as graças que alcançou através da intercessão da Padroeira. De família católica, cresceu no distrito de Venda Branca, pertencente à Casa Branca e desde a infância e adolescência frequentava a igreja, onde participava das missas e orava, porém, não com a mesma consciência que tem hoje. Cantava no coral e fazia parte de um grupo de jovens Amigos de Cristo. “Tínhamos uma vida muito voltada para a Igreja”, afirmou.
Além de trabalhar na lavoura, também trabalhou em casas de família em Casa Branca e ainda jovem, foi convidada a trabalhar em São Paulo, junto à família de Alberto Srur, proprietária da Fazenda Cachoeirinha, localizada em Venda Branca.
Foi por essa ocasião, no dia 14 de setembro de 1991, quando tinha 21 anos, que Rosemary sofreu um acidente automobilístico que mudou a sua vida. O fato aconteceu no trevo de Mococa a Cajuru, quando ela estava indo participar de um casamento. “Foi gravíssimo, tive traumatismo craniano, perdi o baço, quebrei a clavícula, a perna, tive de fazer traqueostomia e fiquei em coma por 15 dias”, relata.
Os primeiros socorros aconteceram no hospital de Ribeirão Preto e quando ela estava se convalescendo, foi transferida com a intervenção da família de Alberto Srur, para São Paulo onde fez tratamento nos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês. Nestes hospitais fez várias cirurgias e procedimentos, tendo de reaprender a andar e a falar.

Se não fosse ela segurando a minha mão, não sei o que seria de minha vida, disse Rosemary. Foto: Reportagem

Presença de Nossa Senhora Aparecida
“Minha mãe nessa época se apegou a Nossa Senhora Aparecida, pedindo sua intercessão a Deus para que eu me restabelecesse e ficasse sem sequelas, pois meu estado era gravíssimo”, diz Rosemary, contando como foi sua aproximação com Nossa Senhora.
Com a ajuda de Nossa Senhora Aparecida, segundo ela, tudo foi fluindo, melhorando, a família que cuidou dela acertou com os hospitais que eram particulares, ainda pagaram seus salários e ela não gastou nada. “Com certeza foi um milagre eu sobreviver e tudo obra de Nossa Senhora Aparecida. Ela foi colocando pessoas no meu caminho, como minha patroa Mônica, filha do sr. Alberto, que foi um verdadeiro anjo de luz em minha vida”, confessou.
A devota diz que as graças sempre estão presentes em sua vida. Lembra que no dia 12 de maio foi participar de uma missa que o pe. Antônio Carossi estava celebrando na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida e houve um momento que o padre solicitou que as pessoas presentes orassem pedindo a intercessão da santa para que graças fossem alcançadas e ela pediu para que o filho Gustavo conseguisse um emprego, pois estava há um bom tempo desempregado. “Naquele momento tive certeza que a graça seria alcançada e ele conseguiu um emprego com carteira assinada”, afirmou.
Indagada sobre a importância de se ter fé, Rosemary explicou que fé não se vê, se sente. “Quando precisamos, temos a quem recorrer. Nossa Senhora está lá, leva nossas súplicas a Jesus Cristo. Ela é nossa intermediadora com Deus”, acrescenta. Para a devota, Nossa Senhora Aparecida é ternura, aconchego, carinho, amor materno. “É tudo que precisamos quando estamos aflitos e ela vem nos socorrer o tempo todo”, disse.
Rosemary afirmou que a Padroeira é a ponte que a leva a Jesus, que possui uma imagem de Aparecida que foi de sua mãe e outra de sua sogra, ambas com mais de 30 anos. Fervorosa, sempre assiste às missas e só tem a agradecer a Nossa Senhora Aparecida por tudo que conquistou e se tornou. “Se não fosse ela segurando a minha mão, não sei o que seria de minha vida”, comentou ao finalizar a entrevista concedida na Igreja de Santo Expedito.

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