Eleições 2022: ameaças e medo de perseguições calam políticos locais

Lula e Bolsonaro devem disputar o segundo turno. Foto: Reprodução G1

Com a finalidade de levar ao conhecimento dos leitores do jornal Gazeta de Vargem Grande sobre a posição política das principais lideranças de Vargem Grande do Sul, a reportagem do jornal se deparou com algo inusitado em todos estes anos de trabalho, o medo de algumas pessoas de se expressarem e sofrerem ameaças ou terem seu futuro político ou até os negócios comprometidos se deixarem claro qual é o candidato que vai votar no próximo dia 30 de outubro, principalmente os que tenham simpatia ou preferência pelo candidato a presidente Lula da Silva do PT.
Embora a grande maioria dos vargengrandenses tenha votado em Bolsonaro (PL), que obteve 13.351 votos, ou seja, 58,63% dos votos válidos no primeiro turno das eleições, isso não significa que ele obteve a aprovação da maioria dos eleitores de Vargem Grande do Sul, cujo total é de 32.115 mil eleitores. Além dos votos dados a Lula (PT), 7.324, ou 32,16% dos votos válidos, a Simone Tebet, 1.337 votos, 5,87% e aos outros candidatos, 760 votos, 3%, dos 22.772 votos válidos, deixaram de votar 7.700 eleitores vargengrandenses, 834 votaram em branco e 270 anularam seus votos.
Se for subtraído dos 32.115 eleitores, os 13.351 dados a Bolsonaro, não votaram no candidato do PL um total de 18.764 eleitores vargengrandenses, portanto, embora tenha tido uma vitória esmagadora junto aos que votaram, isso não significa que a maioria dos eleitores que estão aptos a votar na cidade, tenham dado preferência ao “Mito”.
Não justifica, portanto, que uma minoria de pessoas que vota no candidato Bolsonaro, os ditos bolsonaristas, possa querer manipular a vontade dos eleitores vargengrandenses, fazendo com que até políticos experientes se retraiam e não deixem transparecer em quem vão votar ou apoiar nesta eleição, temendo por retaliações.
A perseguição que sofreu o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) por manifestar sua intenção de votar no vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin que hoje está no PSB e que foi durante muitos anos do PSDB, governou o Estado de São Paulo por diversas vezes, ganhou o título de Cidadão Vargengrandense outorgado pela Câmara Municipal e foi o responsável por inúmeras obras e serviços realizados em Vargem Grande do Sul quando governador do Estado, bem demonstra a perseguição política que está acontecendo no município por parte dos que apoiam Bolsonaro.
Também há um viés político local, com políticos que são contrários à administração do PSDB em Vargem Grande do Sul, que começou há vários anos com a eleição de Celso Ribeiro e prosseguiu com a eleição de Amarildo, procurando tirar proveito da situação e já se preparando para as eleições municipais que acontecerão daqui a dois anos.
Como Celso Ribeiro, filiado ao Podemos, hoje vice de Amarildo, é um dos prováveis candidatos a prefeito em 2024, a corrente bolsonarista local vai usar de todas as maneiras para tentar emplacar um candidato que os represente na próxima eleição municipal. Não se sabe ainda qual será este candidato, mas o ex-prefeito José Carlos Rossi (PSD), que concorreu e perdeu a última eleição, pode vir a ser um dos prováveis candidatos do bolsonarismo vargengrandense.
O ex-prefeito Celso Itaroti (PTB) pode estar na fila também. Quando foi eleito em 2012 contra Celso Ribeiro, Itaroti teve forte apoio do agronegócio vargengrandense e também de vários empresários da cidade, hoje todos rezando a cartilha de Bolsonaro.
Nas redes sociais, é patente o uso de fake news apoiando Bolsonaro, com inverdades como a que o comunismo vai tomar conta do Brasil se Lula for eleito, que o ex-presidente vai fechar igrejas, pedidos de perseguição a quem não apoiar Bolsonaro, inclusive não comprando em seus estabelecimentos comerciais e por aí vai.
Por sua parte, a campanha de Lula também tem exacerbado nas redes sociais expondo o presidente Jair Bolsonaro em situações como a recente fala “pintou um clima” que o presidente disse quando de sua visita a uma casa onde estavam presentes várias meninas venezuelanas menores de idade. Enfim, ao invés de todos se voltarem aos reais problemas que vive o país, a disputa eleitoral vai levando todos ao perigoso precipício do ódio e da intolerância.

Lideranças políticas de Vargem comentam apoio no segundo turno

Muitos políticos e personalidades públicas em todo país têm declarado o voto e o apoio a seus candidatos e a reportagem da Gazeta e Vargem Grande entrou em contato com as lideranças políticas da cidade questionando em quem devem votar neste segundo turno.
A maioria dos políticos procurados pelo jornal ou não respondeu ou preferiu não declarar publicamente o voto. O clima polarizado e a agressividade de parte do eleitorado, que tem reagido com falas e até ações violentas o posicionamento de algumas pessoas pode ser a razão deste silêncio.

Executivo
O prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) não retornou o questionamento da Gazeta. Mas declarou publicamente em suas redes sociais que vai votar em Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo. Ele não declarou abertamente o voto para a presidência, mas participou de reunião recentemente com o ex-governador Alckmin, candidato a vice-presidência de Lula e disse que estará em Brasília no dia da sua posse como vice-presidente do Brasil. O jornal também tentou contatar o vice-prefeito Celso Ribeiro (Podemos). No entanto, não obteve retorno.

Políticos
Ao jornal, o ex-prefeito e candidato a deputado estadual nesta eleição, José Carlos Rossi (PSD), demonstrou apoio a Bolsonaro para presidência e a Tarcísio para governador do estado.
Já o ex-vereador e atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Gilson Donizete do Lago, relatou que está apoiando Lula para presidente e Haddad para governador. “Mas, respeito as opiniões dos demais. Peço todo dia para quem for eleito que governe para todos da sociedade, não só para um grupo”, disse.
“Para a classe trabalhadora, vejo que o candidato Lula foi melhor nos oito anos, diferente deste atual. Mas peço que a população avalie cada candidato na hora de votar, pois são quatro segundos para escolher e quatro anos para aguentar”, completou.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SSPM), Edson Bovo e José Ricardo Buosi, o Zé da Kibon, que foi duas vezes vice-prefeito e, hoje, é presidente do PSB em Vargem foram procurados e preferiram não se manifestar.

Vereadores
A Gazeta também contatou os vereadores. Ao jornal, Danutta de Figueiredo Falcão Rosseto (Republicanos), Antônio Sérgio da Silva, o Serginho da Farmácia (PSDB), Maicon do Carmo Canato (Republicanos), Gláucio Santa Maria Gusman (DEM) e Guilherme Contini Nicolau (MDB) relataram apoio a Bolsonaro e Tarcísio.
O vereador Canarinho (PSDB) comentou que no primeiro turno votou em Simone Tebet (MDB) para presidente e em Rodrigo Garcia (PSDB) e que, agora, no segundo turno, pela continuidade das obras e investimentos, votará em Tarcísio para governador e em Bolsonaro para presidente.
À Gazeta, o vereador Hélio Magalhães Pereira (DEM) também apoiou Tarcísio e Bolsonaro. “Meu apoio é porque queremos um país melhor e um estado melhor. Como eu entendo que o Bolsonaro será reeleito e o Tarcísio será um excelente gestor no Estado, então essa junção fará um excelente trabalho. A população paulistana terá a oportunidade de ter um governador que irá fazer com que São Paulo se alavanque cada vez mais”, disse.
“Eu sou defensor nato do Bolsonaro, um cara que defende a família, a pátria e as religiões. Não posso opinar a favor do Lula, que é a favor da legalização do aborto e das drogas, por exemplo. Ele já está falando por si próprio o que ele tem interesse de fazer com a nação brasileira, então eu sou defensor nato do Bolsonaro.
Os vereadores João Batista Cassimiro, o Parafuso (PSD) e Célio Santa Maria (PSB) preferiram não participar da reportagem.
O jornal também tentou entrar em contato com os vereadores Celso Itaroti Cancelieri Cerva (PTB), Paulo César da Costa, o Paulinho da Prefeitura (PSB), Antônio Carlos Bertoleti (PSD) e Fernando Donizete Ribeiro, o Fernando Corretor (Republicanos), que não retornaram.
No entanto, Itaroti já manifestou algumas vezes em suas falas na Câmara, apoio a Tarcísio e Bolsonaro. Fernando, que é do Republicanos, não deve diferir do posicionamento de seu partido, que é do candidato Tarcísio e que apoia Bolsonaro.
Por sua vez, Paulinho, Célio e Zé da Kibon, fazem parte do PSB, que é o mesmo de Lúcia França, vice-governadora na chapa com Haddad e Geraldo Alckmin, o vice de Lula.
Bertoleti é do partido PSD, o mesmo partido de Felício Ramuth, vice de Tarcísio, então seu posicionamento também deve ser Tarcísio e Bolsonaro. Assim como o vereador Parafuso. Edson Bovo, que também preferiu não responder à reportagem, é filiado ao Cidadania, partido que declarou apoio a Lula no segundo turno, mas tem se manifestado favorável à eleição de Bolsonaro nas redes sociais.

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