
“Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim”. Esta linda música do compositor e jornalista Sérgio Bittencourt, que a compôs em homenagem ao seu pai, o saudoso músico, compositor e bandolinista brasileiro Jacob do Bandolim, retrata bem a falta que o pai fazia ao compositor depois que ele faleceu.
Um clássico da música brasileira, ela também serve de base para a presente matéria que a Gazeta de Vargem Grande preparou para homenagear os pais vargengrandenses que comemoram neste domingo, dia 13 de agosto, o Dia dos Pais.
A reportagem do jornal entrevistou algumas pessoas que perderam seus pais para que dessem o testemunho da importância que eles tiveram em suas vidas e como convivem ainda hoje com a falta paterna.
“Meu pai, meu melhor amigo”
Quem acompanha o empresário Fabrício Mizurini pelas redes sociais, sabe o quanto ele é dedicado à família e aos filhos. Casado com Meire Patrícia Canela, é pai dos jovens Júlia e Vinícius. É comum vê-lo incentivando os filhos, praticando esportes ou mesmo participando de uma caminhada pela Represa Eduíno Sbardelini, sempre acompanhado pelos filhos.
Essa dedicação e amor, confessa que vem dos ensinamentos de seu pai, o empresário Felício Mizurini Filho, falecido no dia 28 de Janeiro de 2008. Ele era casado com Neuza Aparecida e foi pai de Fernanda e Fabrício.
Ao participar da presente matéria “A falta que ele me faz”, em homenagem ao Dia dos Pais a ser celebrado neste domingo, dia 13 de agosto, Fabrício, sócio proprietário da loja O Bonzão, afirmou que é imensurável a falta de um pai, pois para ele, Felicinho como era conhecido, não era só um pai, era seu sócio no trabalho e seu melhor amigo.
“Meu pai amava pescar, tomar café com os amigos e futebol. Sua paixão pelo Palmeiras era contagiante e lógico que me influenciou. Na vida social, sempre ajudou as pessoas, foi presidente do Tênis Clube e também contribuiu com a ACI. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal, pois a política era outra paixão que tinha na vida. Provavelmente herdou este veio político de seu pai, meu avô Felício Mizurini”, comentou acerca de seu pai.
“Fazíamos tudo junto, desde o trabalho, confraternização familiar, pescaria e jogos de futebol”. Suas lembranças remontam à sua infância, época em que seu pai tinha um bar na Rua 1º de Maio, bar do bocha e foi uma fase que marcou muito o pequeno Fabrício, que acompanhava o pai no trabalho, vendo as pessoas jogarem bocha e acompanhava outras atividades ali realizadas.
Porém, é nas pescarias que Felicinho fazia na Formosa, onde ia pescar no Rancho da Bela Vista no Rio Jaguari e muitas vezes carregava o menino, que Fabrício sente o coração pulsar mais. Lembra também de outras pescarias feitas no Rio Samburá, tempo que não tinha luz elétrica, tudo na base do lampião a gás e chuveiro de serpentina. “Época boa e marcante que me lembro como se fosse hoje”, afirmou.
Veio a adolescência e o pai foi também influenciando e ajudando o filho que sonhava em se tornar tenista. “Mesmo com toda dificuldade ele me incentivou neste esporte, fazia de tudo para eu aprender, me aperfeiçoar e continuar jogando”, disse. Depois, Fabrício, que todos conhecem como Branco, foi se aproximando do futebol, outra paixão do seu pai, torcedor do Palmeiras, herança que passou para Fabrício, também torcedor apaixonado do Verdão.
“Esporte era minha paixão e ele fazia de tudo para me incentivar”, comenta o empresário sobre o pai. Ele lembra de uma história legal por ele vivenciada, com a Vargeana lotada, semifinal do campeonato municipal, seu pai lá na arquibancada assistindo e Fabrício entrou para defender o time como ponta, que era sua posição de jogo.
“Aí o Toninho Domingos nosso técnico, me chamou e falou que o time estava precisando de um zagueiro e eu fui para ajudar o time nesta posição que não era a minha. Faltava cinco minutos para o jogo terminar, veio um cruzamento na área, a bola saindo e eu fiz um pênalti desnecessário e fui expulso, para tristeza do meu pai que me assistia”, recordou.
Disse que o goleiro do seu time ainda conseguiu pegar a bola e o time foi classificado, mas quando chegou em casa, a bronca veio do pai que lhe afirmou de cara fechada que se fosse para fazer ‘aquilo’ que não o chamasse mais para assistir jogos. “Foi a única vez que vi ele bravo comigo nos esportes”, disse Fabrício.
Depois dessa fase, Fabrício recorda que veio a necessidade de trabalhar e mais uma vez seu pai se fez presente. “Nossa parceria começou com uma pequena loja de eletrodomésticos novos e usados na Galeria OJC. Depois evoluiu para a Rua do Comércio, aí compramos a loja de caça e pesca do José Siqueira, o Siqueirinha e demos início à Mizurini & Pesca em 1988, que depois se tornou O Bonzão”, relembra o empresário.
A ideia de colocar o nome Bonzão foi sua e teve total aprovação do pai. A empresa evoluiu e hoje é uma das principais da cidade no comércio de móveis e eletrodomésticos e tem forte atuação no ramo de pesca e caça, com filial em São João da Boa Vista.
Sobre seu pai, Fabrício é só elogios. “Era uma pessoa séria quando necessário, mas dentro de casa era alegre, assim como com os amigos, tinha um bom coração e não nos deixava faltar nada”. Cita que o pai era muito trabalhador, que descansava só no Dia de Nossa Senhora Aparecida e na Sexta-Feira Santa. “Trabalhava de domingo a domingo, um exemplo para nós. Trabalhou durante muitos anos na Cerâmica Bolonha e foi um empreendedor. Foi dono de bar, da papelaria Cadernão e depois entrou no ramo de eletrodomésticos e caça e pesca”, comentou sobre as atividades do pai.
Lembra que Felicinho era enérgico na criação e educação dele e de sua irmã. “Como pai, tudo de bom que ele influenciou na minha vida, procuro repassar para meus filhos. O Vinícius é palmeirense, pescador e ensinamos tanto a ele como à Júlia, que as coisas não são fáceis, precisamos lutar muito para consegui-las. A ausência de meu pai faz muita falta, mas tudo que nos ensinou e pudemos conviver, supera esta ausência, ficando só as boas lembranças e uma saudade eterna”, finaliza.