Fonte Luminosa será inaugurada em comemoração aos 150 anos

No passado, Fonte da Praça Capitão João Pinto Fontão chamava a atenção e encantava quem por ela passava

Após muita expectativa, a fonte luminosa da Praça Capitão João Pinto Fontão, a Praça da Matriz, será inaugurada nesta quinta-feira, dia 26. Nesta data, Vargem Grande do Sul completa 150 anos de fundação.
A inauguração está marcada para às 19h para que os presentes possam apreciar os efeitos das águas jorrando iluminadas ao som de músicas. Após a cerimônia de inauguração, haverá show com a Banda Lex Luthor, às 20h. Na ocasião, os presentes poderão se deliciar com uma praça de alimentação com food trucks.


Construída na década de 50, a fonte luminosa da Praça da Matriz há muito aguardava uma revitalização, com o prefeito Amarildo Duzi Moraes (MDB) fazendo todo um esforço para que a Praça da Matriz volte a ser o centro de lazer da cidade, atraindo moradores e visitantes com o funcionamento da fonte que terá sonorização e automação computadorizada.
À Gazeta de Vargem Grande entrevistou o proprietário da Acquafontes Piscinas e Fontes Luminosas, Thiago Rodrigues Pinheiro, responsável pela reforma da fonte, contou que ela será 100% automatizada, ligando e desligando nos dias e horários programados.
Na ocasião, informou que seria colocado um sistema de filtração completo da água, para evitar doenças como a dengue. A fonte ainda contará com um conjunto de jatos espumantes, jatos articulados e jatos vulcânicos, segundo explicou, com as águas e luzes dançando conforme a música e mudando entre quatro cores e 21 movimentos, usando projetores de luz e jatos todos em aço inox.

A Fonte Luminosa

Ana Luiza Zotti Loyola Heleno

Esta cidade especial em muita coisa fez 150 anos. São 150 anos que produziram um número enorme de histórias, “casos” deliciosos, atos heroicos que nunca chegarão a ser conhecidos, dramas amargos e infelizes que se escondem neste desenrolar de tantos anos. Eu, sem ter nascido aí, me considero vargengrandense por amar tanto esta cidade.
Mando este pequeno conto para comemorar também com vocês a alegria de terem uma fonte luminosa que além de encantarem os adultos, será mágica para as crianças. Parabéns Vargem Grande!

Decididamente era muito difícil entender gente grande, pensou Carlinhos. Não davam a mínima para o espetáculo maravilhoso que era a fonte luminosa. Para ele, a fonte era um lugar tão especial, que tirava o fôlego. Era mágica!
Os adultos ficavam andando em volta dela, olhando uns para os outros, sem reparar na maravilha que vertia longos jatos de água colorida, ao som da música. As moças, de braços dados, passeavam em volta da fonte e os rapazes, em grupos mais barulhentos, rodeavam a fonte em outro sentido, passando desta forma uns pelos outros, cara a cara. O que intrigava Carlinhos era que nem elas nem eles pareciam se dar conta do milagre maravilhoso da fonte luminosa.
As águas pareciam dançar ao som da música que saia do alto-falante da praça, subindo ou descendo em jatos. Maravilha das maravilhas, elas trocavam as cores, como se fossem regidas por um maestro invisível.
Enquanto estava ali, Carlinhos não conseguia tirar os olhos da fonte. Nunca em todos seus seis anos de vida tinha visto algo tão bonito, tão mágico assim. Sentia que nunca mais em sua vida, iria se deparar com algo que o deixasse tão maravilhado, simplesmente porque não poderia existir nada tão lindo como aquela fonte, ali, no centro da praça da cidade.
Carlinhos morava em uma fazenda, nos arredores da cidade e quando aos domingos, a irmã gritava para ele se aprontar que iriam à missa na cidade. O menino deixava tudo que estivesse fazendo e corria para se arrumar, feliz da vida, não pela chatice que era a missa, para ele, mas porque sabia que acabando a chatice, iriam passear em volta da fonte luminosa. Eram as únicas ocasiões em que saia da fazenda, onde seus pais eram colonos e ele aproveitava cada minuto desses passeios domingueiros.
É bem verdade que, durante a missa, ele se chateava e tinha que fazer força para não dormir, principalmente quando o padre despencava a falar e ele não entendia nada e parecia que não ia parar nunca mais.
Às vezes, ele cochilava ou se distraia seguindo o voo preguiçoso de uma mosca. Quando estava com sorte, conseguia pegar uma joaninha ou outro inseto qualquer. Aí, sim! O tempo passava rapidinho. Ele fazia o bichinho percorrer caminhos que ele mesmo demarcava com barreiras, ou então, bloqueava o caminho que o inseto queria seguir e se divertia com a obstinação do bichinho em ir para algum lugar que ele nem imaginava onde.
Infelizmente esta aventura tinha algum inconveniente: se a irmã percebia, se ela desse conta de sua arte, lá vinha beliscão. E como beliscava doído…
Também ele não entendia por que perder aquele tempão todo na igreja, enquanto lá fora a praça se enchia de gente. Seu consolo é que, por pedido-ordem do padre, a fonte só podia iniciar seu espetáculo e mostrar sua beleza toda, depois da missa acabada. Quando afinal o padre cansava de falar e a missa acabava, ele, meio no atropelo, sendo contido pela irmã, ia o mais rápido que podia para chegar na horinha em que a fonte iniciava seu espetáculo colorido.
Lá fora, parecia que a fonte só esperava o menino chegar. Então, águas azuis, vermelhas, verdes e tudo sob o comando da música, subiam e desciam em jatos. Em um momento se esticavam, num repelão, e subiam às alturas, e ora parecia que uma mão aveludada acalmava as águas, num afago suave e carinhoso, ao compasso da música, e os jatos desciam suavemente.
Lindo de doer… Valia levar quantos beliscões precisasse, para ver aquilo. Lá na fazenda, Carlinhos tinha tentado explicar ao seu amigo Dito, o milagre das águas da fonte.
Por mais que tentasse, não conseguia fazer o amigo entender a maravilha que era aquilo. O Dito não tinha irmã mais velha que ia à missa e nunca saía da fazenda, nem mal conhecia a cidade de Poços de Caldas.
O coitado só havia estado na cidade duas vezes, em toda sua vida, uma para tomar vacina e outra para tomar injeção… Coitado!
Carlinhos se sentia um sortudo por ter uma irmã que o levava todo domingo para ver a fonte luminosa, mesmo tendo que assistir antes, a missa.
Este domingo, Carlinhos decidira levar um baita presente para o Dito. Um dia, antes de ir para a cidade, arrumou três vidrinhos da sua coleção de vidros de perfume vazios e quando sua irmã chamou para irem, ele já estava vestido e com os três vidrinhos bem guardados em seu bolso da calça.
A missa, desta vez, parecia maior e o padre com mais vontade de falar. E falava e falava sem parar. Tanto Carlinhos se agitou que a cota de beliscões foi maior que todas as outras vezes. Mas ele não se importou. Imaginava a cara do amigo quando destampasse os vidrinhos e ele visse as águas coloridas subirem e descerem ao som da música!
Ou será que ele precisaria cantar para que as águas coloridas subissem e descessem, como faziam na fonte? Iria procurar prestar bem atenção na música da praça para decorar uma melodia. Se precisasse, poderia cantar direitinho para as águas coloridas dançarem.
Afinal, a missa acabou e ele pode ir para a fonte.
-Não saia de perto da fonte luminosa! Advertiu a irmã.
Que boba! Havia outro lugar melhor para ficar? Porque ia querer sair de perto da fonte, se aguentara a missa chata, inteirinha, só para ficar ali? Naquele domingo, as águas pareciam mais coloridas do que nunca e dançavam alegres ao som da música do alto-falante.
Carlinhos esperou o vermelho mais vermelho, esticou o braço e encheu um vidrinho, colocando a rolha em seguida e o vidrinho no bolso. Fez o mesmo com o amarelo e o azul e guardou os vidros de volta no bolso da calça.
Pela primeira vez foi embora, sem reclamar, quando a irmã chamou. Foi andando feliz, apalpando, às vezes, os vidrinhos no bolso, sentindo que carregava um tesouro.
Queria ver a cara do Dito quando visse as águas dançantes. Já quase chegando na fazenda, como sempre acontecia, suas perninhas fraquejaram e a irmã levou-o no colo o restante do caminho. Embalado pelos passos seguros e constantes, adormeceu.
Já em casa, quando ela colocou o menino na cama e foi tirar sua roupa de missa e colocar o pijama, Carlinhos, meio dormindo, protestou, abraçando a calça e não deixou a irmã tirá-la de seus braços: afinal os preciosos vidrinhos estavam ali. Sem entender nada, a irmã desistiu de guardar a calça e ele dormiu agarrado a ela.
Acordou de manhãzinha e no quarto, mal iluminado pelo dia, que ainda não raiara de todo, ele tirou os vidros do bolso da calça.
E o vermelho? E o azul? O amarelo? Cadê? Tudo água aguada e sem cor nenhuma!!!
Ficou um tempão olhando os vidros em sua mão.
Abriu bem a janela e olhou longamente os vidros. Nada; só uma aguinha, igual à água do poço.
-E a água colorida que você ia me trazer? Perguntou o Dito.
-Não adianta, Dito. Tentei, mas não dá certo. A água é colorida e dança porque é mágica.
-Mágica?
-Pois é! Ela é mágica porque está em frente à igreja. Se a gente pega um tanto dela e sai de perto da igreja, ela volta a ficar que nem a água do poço: sem cor, sem dançar e mudinha… Fica sem nenhuma cor e sem dançar: vira água sem milagre. Cê é burro, hein? Nunca ouviu falar em água benta, não?
A inauguração está marcada para às 19h para que os presentes possam apreciar os efeitos das águas jorrando iluminadas ao som de músicas. Após a cerimônia de inauguração, haverá show com a Banda Lex Luthor, às 20h. Na ocasião, haverá uma praça de alimentação com food trucks.

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