A importância do Clã Garcia Leal

José Osvaldo Garcia Leal concedeu entrevista ao jornal

Uma vastidão de campos, rios, córregos, charcos, montes, várzeas, cerrados, matas fechadas, tendo como referência a Estrada Boiadeira ou Francana e o Rio Jaguari Mirim, lá pelo final do século XVIII, começa a atrair a atenção de aventureiros e desbravadores em busca de terras para cultivarem, gerarem riquezas e criarem suas famílias.
Estas paragens, como já foi devidamente escrito e estudado, atraiu a atenção dos sesmeiros sargento-mor José Garcia Leal e o alferes Salvador Garcia Leal da Vila de Mogi Mirim, que adquiriram a Sesmaria de Várzea Grande, que já existia lá pelo final de 1700, como se lê na página 37 do livro “A Pérola da Mantiqueira” do historiador José Osvaldo Garcia Leal, que fala dos 200 anos de Casa Branca, livro escrito por Ezio José Meira Molinari: “Não deve ser esquecido, contudo, que José Garcia Leal adquiriu, em 1782, do guarda-mor Agostinho Delgado Arouche, as terras que mais tarde formaram a sesmaria do Jaguary-Mirim (ou da Várzea Grande), que foi concedida a ele e ao alferes Salvador Garcia Leal, pelo Marquez de Alegrete, em 28 de agosto de 1812, terras essas que iriam pertencer, em 25 de outubro de 1814, à Freguesia de Casa Branca”.
O sargento-mor José Garcia Leal foi batizado em 22 de junho de 1753, em Mogi Mirim, e pelas contas, aos 29 anos de idade, teria juntamente com seu irmão, o alferes Salvador Garcia Leal, nascido em 1757, em Itapecirica-MG, portanto com 25 anos, comprado as terras que dariam origem a Vargem Grande do Sul.
Salvador faleceu em 1824 em Vargem Grande do Sul, aos 67 anos de idade e José Garcia Leal faleceu em 1827, em Casa Branca, aos 74 anos e durante todo esse tempo, os irmãos se casaram, tiveram inúmeros filhos e descendentes, plantaram, construíram casas e outras benfeitorias, como engenho de cana, serrarias, compraram e venderam dezenas de escravos, provavelmente adquiriram e venderam mais terras, negociaram animais como cavalos, muares e também tinham lavouras e gado de corte. Geraram riquezas e povoaram a região que viria a se tornar Vargem Grande do Sul.

Osvaldo fala sobre ser descendente
A reportagem da Gazeta de Vargem Grande entrevistou José Osvaldo Garcia Leal, 60 anos, técnico contábil aposentado, morador de Vargem, historiador, autor de oito livros editados pela Editora Agbook, dentre eles “A Pérola da Mantiqueira, volumes I e II” e o “Clã Garcia Leal”. Osvaldinho, como é conhecido, é casado com Ana Cláudia Fiorini, pai de Júlia Fiorini Garcia Leal Carvalho e faz parte da 6ª geração dos Garcia Leal.
Na entrevista que concedeu ao jornal, Osvaldinho afirma que tudo indica que ele seja descendente direto do sargento-mor José Garcia Leal, seu sexto avô por parte de pai. Embora seja um pesquisador rigoroso e persistente, Osvaldo afirmou que há um enigma que ainda não conseguiu desvendar. Trata-se da pessoa de Ildefonso Garcia Leal, que tem linhagem direta da qual Osvaldinho descende, mas até hoje não conseguiu decifrar de quem Ildefonso é filho.
“De todos os lugares pesquisados, Ildefonso aparece como sendo filho de pai incógnito, mesmo com todo o seu histórico e participação social e política em Vargem Grande do Sul e Casa Branca”, afirmou o historiador. Ele foi vereador em Casa Branca, onde teve participação ativa na vida do município e em Vargem Grande aparece na Comissão criada para erguer a primeira capela em 1874, provavelmente a pedido do cel. Francisco Mariano Parreira.
“Tudo leva a crer que Ildefonso seria filho bastardo de José Garcia Leal ou do Januário Garcia Leal, o famoso Sete Orelhas, irmão de José Garcia Leal que foi muito procurado pela vingança que realizou contra os que esfolaram vivo um dos seus irmãos, aos quais caçou, matou e tinha o ritual de pendurar as orelhas em um cordão, que exibia às pessoas”, explica o historiador. Há suspeitas que Januária teria se escondido e vivido na Fazenda de Várzea Grande na época.


Ildefonso se casou com Laura e tiveram 7 filhos, dentre eles Ottoni Garcia Leal, que se casou com Idalina e tiveram 4 filhos, dentre eles Angelino Garcia Leal, que se casou com Perciliana e tiveram 8 filhos, dentre eles João Garcia Leal, que se casou com Amélia Menossi e tiveram 11 filhos, dentre eles Osvaldo Garcia Leal, pai de nosso entrevistado.
Amélia e João Garcia Leal, o conhecido Pitanga, que durante muitos anos tinha carro de aluguel em Vargem, além de Osvaldo Garcia Leal, o pai do entrevistado, tiveram mais 10 filhos, 2 falecidos na infância, além de Maria, mais conhecida como dona Lourdes, uma das doceiras mais famosas da cidade e que foi também durante muitos anos servidora na Escola de Comércio; Jandira, Almerinda, Dirce, Ângelo, Alzira (também, doceira), Benedito, mais conhecido como Dito do Bilhar, que foi vereador, e Cesar Garcia Leal, proprietário da Ultragaz em Vargem.
Ao ser indagado o que sentia em ser descendente dos Garcia Leal, Osvaldo afirmou: “Tenho muito orgulho de fazer parte deste clã, o que me levou a fazer as pesquisas desde os 15 anos de idade”. Citou da importância que foram os Garcia Leal para o surgimento de Vargem Grande do Sul, pois não fosse eles a adquirirem a sesmaria e povoá-la, a cidade provavelmente não existiria como a conhecemos hoje.
“Todos colaboraram para a criação e desenvolvimento do município, desde os sesmeiros José e Salvador, como os agregados que foram se casando, com muitos deles tendo participação importante na construção de Vargem, atuando na vida política, pública, figuras importantes como Bernardo Garcia Leal, Christiano Garcia Leal, há ainda os Fontão, que descendem também de José Garcia Leal”, falou Osvaldinho.


Indagado sobre a questão envolvendo o alferes Salvador Garcia Leal, que não consta como fundador de Vargem Grande do Sul, o historiador afirmou que ele deveria sim, constar como fundador, ao lado do seu irmão, o sargento-mor José Garcia Leal. “Ele era proprietário da Sesmaria de Várzea Grande juntamente com seu irmão José e na divisão das terras, ficou com a Fazenda Várzea Grande, que deu origem à cidade”, comentou Osvaldinho.
Com relação à citação de Christiano Garcia Leal como sendo fundador do município, o historiador acha que não seria tão correto, pois a participação dele foi em 1922, com a emancipação de Vargem de São João da Boa Vista, isso depois de quase 50 anos em que o município foi fundado, ocasião em que Christiano deveria ter cerca de 15 anos de idade, uma vez que nasceu em 13 de janeiro de 1859.

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