
Estudar a história do município é importante, resgata quem de fato trabalhou e fez por merecer para que Vargem Grande do Sul chegasse ao patamar que está, quando completa 150 anos de fundação. A importância do Clã Garcia Leal é indiscutível na fundação do município, pois foi através das ações do sargento-mor José Garcia Leal e seu irmão, o Alferes Salvador Garcia Leal, que as terras onde se localizava a Fazenda Várzea Grande pudessem com o passar dos anos evoluir para se tornar um município.
A presente matéria conta com inestimáveis informações contidas no livro “Clã Garcia Leal” do historiador José Osvaldo Garcia Leal, ele mesmo descendente dos pioneiros que adquiriram as terras compradas dos herdeiros do Cel. Agostinho Delgado de Araújo “e sesmaria de terreno na paragem denominada Vargem Grande no termo desta Freguesia da Santíssima Senhora das Dores de Casa Branca”.
Essa passagem acima está descrita na pág. 57 do livro, onde também consta a data de 17 de março de 1824, do Cartório de 1º Ofício de Mogi Mirim, quando houve divisão de terras feita por José Garcia Leal e seu irmão Salvador Garcia Leal. Pode ser este ato o divisor de água entre os dois irmãos e a importância que adquire o Alferes Salvador Garcia Leal, uma vez que da divisão das terras, José ficaria com a Fazenda Graça, onde trouxe todos seus familiares para morar e cujo povoado pertencia a Casa Branca e Salvador com a Fazenda Várzea Grande ou Vargem Grande, onde iria se desenvolver o povoado que daria origem a Vargem Grande do Sul.
Segundo consta no livro, os irmãos informam que compraram estas terras há um bom tempo, cita o autor como sendo provável que por volta de 1810. Também relata o livro que aparece em jornais de Casa Branca, dados sobre os dois irmãos na coluna escrita por Sylvio e Castro sobre a história da cidade, onde consta: “Este intrépido sertanista (José Garcia Leal), veio para esta localidade na bandeira dos Irmãos Dias Garcia, escolhendo o vale de Cocais para seus pousos e tratar de agricultura, isso em 1814, quando Casa Branca pertencia à Comarca de Itú”.
Coube também a José Garcia Leal, cuidar das 24 famílias que vieram dos Açores para morar em Casa Branca na época, visando o povoamento da região. Isso por volta de 1816. Portanto, todas as ações de José Garcia Leal, estariam mais voltadas para Casa Branca.
Sobre Salvador ‘Garcia Leal
Segundo o livro “Clã Garcia Leal”, o alferes teria nascido em 1757, na cidade de Itapecirica-MG e falecido em 1824, em Vargem Grande do Sul. Ele era casado com Izabel Maria das Candeias, falecida em 1839 em Casa Branca. Em 1813, no livro “Jurisdição dos Capitães”, ele aparece juntamente com seu irmão José Garcia Leal, requerendo em Mogi Mirim, a medição e a demarcação das terras que haviam obtido por carta de sesmaria.
Em 1814 é citado como o maior produtor de milho da região, com 600 alqueires, marcou 90 capados e vendeu 80 – “Casa Branca, a povoação dos Ilhéus”.
Em 1824, no cartório de 1º Ofício de Mogi Mirim, maço 192, consta o inventário de Salvador, cujo testamento foi feito no dia 30 de setembro de 1823 na Fazenda denominada Vargem Grande, em sua casa, onde se achava enfermo. Segundo o autor do livro, José Osvaldo Garcia Leal, uma análise do inventário deixado por Salvador Garcia Leal, chega à conclusão de ser um dos espólios mais ricos da região, pois aparecem muitos objetos de grande valor, como esporas, talheres de prata, tacho e bacia de cobre, ferro de engomar (naqueles tempos, só os privilegiados da fortuna, com posição de destaque, poderiam ter um ferro de engomar), vacas, novilhos, touros, bois, cavalos, escravos, casas, olaria e a fazenda denominada Vargem Grande, que era enorme e atravessava o rio Ribeirão dos Porcos.
Salvador e Izabel tiveram cinco filhos, sendo eles: Narcisa Garcia do Espírito Santo, Cecília Constância Garcia, Maria Eufrásia, Diogo Garcia Leal e Demétrio Garcia Leal. Salvador teria tido outro filho, com Leonor Teodora de Jesus, antes de se casar com Izabel Maria e seu nome era Salvador Garcia Leal Filho.
É importante relatar estes descendentes de Salvador, pois todos se tornaram herdeiros da Fazenda Vargem Grande, juntamente com seus familiares, quando da partilha das terras em 26 de setembro de 1874, data citada como sendo o dia da fundação de Vargem Grande do Sul.