Editorial: Mudanças climáticas exigem ação imediata na cidade

O Brasil tem sentido na carne os efeitos destrutivos das mudanças climáticas. Ondas de calor cada vez mais frequentes, períodos de estiagem mais prolongados que secam rios, reservatórios de águas, impedem o fluxo do transporte aquático, facilita o alastramento de queimadas e afetam a vida de milhares de famílias. Tempestades e ventos que alagam cidades, destroem portos, aeroportos e rodovias, ceifam vidas, destroem tudo. São situações que vem ocorrendo com intervalos de tempo cada vez menor e que demandam das autoridades atitudes imediatas para tornarem as cidades capazes de suportar essa nova realidade.
Em Vargem Grande do Sul é possível ver que a gestão municipal tem investido na capacitação e na estruturação de equipes de resposta a esses eventos adversos que infelizmente, estão se tornando mais rotineiros. A Defesa Civil e a Guarda Civil Municipal passam por capacitações, recebem equipamentos e material para o trabalho, possuem uma frota adequada e vem tendo seu quadro humano recomposto.
Porém, é preciso facilitar o trabalho dessas equipes investindo em ações preventivas. E nesse sentido, ainda é preciso percorrer um longo caminho, que exige um aporte financeiro grande e uma capacidade de enfrentamento e de ação tão grandes quanto. Por exemplo, coordenar o crescimento urbano afim de evitar a ocupação de áreas de várzea, construir áreas verdes e parques para criar áreas onde o alagamento seja natural e permita um fluxo de escoamento da água que não cause problemas.
Uma outra medida que as autoridades deveriam pensar é o aterramento da fiação da rede elétrica, telefônica e demais cabeamentos, como o de fibra ótica. Nos últimos dias o Brasil todo acompanhou o drama de famílias que moram na capital de São Paulo e que ficaram dias sem energia elétrica por conta da tempestade que derrubou árvores e fios elétricos. Se essa rede estivesse aterrada, os prejuízos seriam bem menores.
No entanto, o alto custo para este aterramento inviabiliza que essa medida seja iniciada, especialmente uma cidade colossal como São Paulo. Mas e em cidades de porte bem menor, como Vargem Grande do Sul? Com certeza o investimento também seria milionário, mas é preciso começar de algum ponto. Quem sabe a elaboração de uma lei que determine que os novos loteamentos a serem feitos no município já sejam obrigados a deixar a estrutura pronta para o aterramento da rede? Seria um começo.
Em áreas já consolidadas, uma ideia seria começar pelos bairros periféricos, onde não há um adensamento populacional tão grande e assim, se beneficiaria primeiro aqueles que mais precisam. Não é impossível. Em Sobral, cidade do Ceará, a prefeitura deu início a esse processo há quatro anos e agora, todo seu centro histórico já conta com fiação aterrada. É caro, é demorado, mas é preciso que algo comece a ser feito agora, para que no futuro, o vargengrandense não sofra tanto quanto o que moradores de outras cidades do país já estão sofrendo.

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