Nos últimos meses, Vargem Grande do Sul tem vivenciado um aumento significativo no número de casos de suicídio. O Ministério da Saúde observa que o suicídio é um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas ele pode ser prevenido e o Ministério da Saúde ressalta que para enfrentar esse fenômeno, uma das principais alternativas é procurar ajuda e conversar.
O Ministério da Saúde elenca que é possível obter essa ajuda na rede pública, como no Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde), e também no Centro de Valorização da Vida (CVV), uma entidade que realiza atendimentos gratuitos e sigilosos voltados à prevenção do suicídio e ao apoio emocional.
O CVV, uma instituição sem fins lucrativos que já existe há mais de 63 anos no Brasil, é mantida exclusivamente por voluntários e tem como missão oferecer um pronto socorro emocional 24 horas por dia, todos os dias da semana. A Gazeta de Vargem Grande apurou que, na cidade, há voluntários do CVV atuando na Fraternidade Espírita Obreiros do Bem, localizada à Rua São Jorge, nº 70, no Jardim São Luís.
À Gazeta, Adriana Rizzo, voluntária da entidade, explicou a importância desse trabalho. “Nosso objetivo é oferecer apoio emocional para quem está precisando conversar, para quem não está se sentindo bem, e de alguma forma precisa contar com esse apoio, que chamamos de pronto socorro emocional. Nesses últimos anos, fizemos mais de três milhões de atendimento por ano e acreditamos que estamos ajudando as pessoas de forma anônima, sigilosa e gratuita a se entender um pouquinho e melhorar a sua condição emocional”, disse.
O CVV
O CVV tem se consolidado como uma referência na área de prevenção ao suicídio, com mais de 100 postos de atendimento em todo o Brasil. Para aqueles que não têm acesso a um posto físico do CVV em sua cidade, o número 188 é uma alternativa que garante atendimento imediato e gratuito, graças a uma parceria com o Ministério da Saúde e a Anatel. “O atendimento é gratuito e sigiloso. Não importa onde a pessoa esteja, o CVV está disponível para dar apoio emocional”, afirmou Adriana.
Segundo a voluntária, o CVV foi criado por uma necessidade social, quando um grupo de jovens em São Paulo, na década de 60, fazia um trabalho social de doação de alimentos e remédios. “Eles tiveram contato com muitas pessoas que precisavam conversar, então além da ajuda material, precisava dessa ajuda emocional. E aí surgiu a ideia de fazer uma campanha de valorização da vida. E depois, como a procura foi tão grande, decidimos que precisávamos ter um espaço físico, onde as pessoas pudessem entrar em contato para falar das suas dores, do seu sofrimento e das suas alegrias, pois muitas vezes não tem com quem compartilhar tudo isso”, relatou.
“Então, a partir daí foi criado postos de atendimento, o primeiro foi em São Paulo e hoje temos mais de 100 postos distribuídos no Brasil todo. Mas mesmo que não haja um posto de atendimento na sua cidade, o número 188 tem abrangência nacional e a pessoa será atendida também por um voluntário do CVV, graças a uma parceria que temos com o Ministério da Saúde e com a Anatel. A ligação é gratuita e a pessoa que precisa pode entrar em contato com o CVV a qualquer momento do dia”, completou.
Canais de contato
Além dos atendimentos telefônicos, o CVV também oferece canais como e-mail e chat online pelo site oficial da instituição, através do endereço www.cvv.org.br, permitindo que o suporte chegue a quem necessita, independentemente da localização geográfica. Em Vargem, quem busca essa ajuda também pode procurar a Fraternidade Espírita Obreiros do Bem, localizada à Rua São Jorge, nº 70, no Jardim São Luís.
Quando procurar ajuda
Segundo Adriana, as pessoas podem procurar o CVV pelas mais diversas situações. “Não tem um padrão, atendemos desde pessoas que realmente estão pensando em morrer de alguma forma, porque estão muito descontentes com a sua vida, e outras que têm descontentamentos muitas vezes no dia a dia, que podem parecer pequenos, mas se formos somando, eles podem ficar grandes, se tornando um volume grande na nossa vida”, comentou.
“Então não tem um assunto específico para o qual a pessoa pode entrar em contato conosco. Ela pode entrar em contato com o CVV se ela tiver sentido essa necessidade de conversar com alguém, de desabafar, de colocar situações que a incomodam para fora. Os assuntos podem ser os mais diversos, então tentamos sempre ficar o mais abertos possível para que todo mundo possa sentir à vontade para entrar em contato com a gente quando precisar”, completou.
Adriana comentou que o CVV se dispõe a ajudar todas as pessoas. “Quem, de alguma forma, precisa conversar, não está se sentindo bem, está com alguma situação na vida que não está conseguindo lidar. A pessoa pode entrar em contato com a gente para conversar, para desabafar, para contar o que está acontecendo, porque a gente acredita que a gente falando sobre os nossos sentimentos eles ficam um pouco mais claros para a gente enxergar saídas e enxergar soluções que são possíveis, de acordo com a realidade de cada um”, disse.
Voluntariado no CVV
Quem se identifica com a causa e deseja ajudar no atendimento, pode se tornar voluntário do CVV. Para isso, é necessário ter 18 anos ou mais e participar de um curso de formação, que pode ser feito de forma online ou presencial, conforme a disponibilidade.
A inscrição é feita diretamente pelo site do CVV, na aba “Voluntários”. “Para nós, sempre é interessante que tenham mais voluntários para que mais pessoas sejam atendidas, além de que mais pessoas conheçam o CVV e possam indicar ou utilizar, caso for necessário”, comentou.
Alternativas de apoio em Vargem
Além do CVV, outras opções de apoio estão disponíveis em Vargem Grande do Sul. As paróquias locais, embora não ofereçam um serviço específico para prevenção ao suicídio, dispõem de atendimentos personalizados, onde os padres estão prontos para ouvir e orientar aqueles que buscam ajuda.
Para receber esse tipo de apoio, os interessados devem entrar em contato com a sua igreja e agendar um horário.
A importância de buscar ajuda
Em tempos de dificuldades emocionais, é fundamental que as pessoas saibam que não estão sozinhas. Procurar ajuda é um passo essencial para lidar com as dificuldades da vida. O CVV e as igrejas da cidade são alternativas valiosas para quem precisa de apoio emocional, oferecendo um ambiente seguro e acolhedor para aqueles que se sentem perdidos ou em sofrimento.
A Gazeta de Vargem Grande reforça que, em momentos de crise, a comunicação e o apoio emocional são fundamentais para a recuperação e o bem-estar.