Delegado Antônio Carlos comenta sobre ocorrência no Rio de janeiro

Delegado titular de Vargem opina sobre os últimos acontecimentos envolvendo a polícia e bandidos no Rio de Janeiro

Os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro, que resultaram em mortes de criminosos, de policiais civis e militares e confrontos intensos entre forças de segurança e criminosos fortemente armados, expõem mais uma vez a dura e desigual realidade enfrentada pelas polícias em todo o país. O cenário demonstra o poder crescente das facções criminosas, que desafiam o Estado, impõem medo e colocam em risco a vida de inocentes e de agentes públicos que atuam diariamente na defesa da sociedade.
As forças de segurança apreenderam centenas de armas, entre elas fuzis de alto calibre, e constataram a utilização de drones lançando explosivos contra policiais, fato que evidencia o grau de sofisticação e a ousadia do crime organizado. Trata-se de uma verdadeira guerra travada nas ruas, em que o policial enfrenta não apenas a criminalidade, mas também a falta de respaldo e o risco permanente à própria vida.
Como delegado de polícia e defensor do Estado Democrático de Direito, reafirmo meu compromisso com a legalidade e com o cumprimento rigoroso das leis. Contudo, é necessário reconhecer que, diante da escalada da violência e da atuação cada vez mais ousada do crime organizado, as forças de segurança não podem se omitir.
Quando há enfrentamento, a reação policial deve ser imediata, técnica e firme, sempre dentro dos limites legais, mas à altura das ameaças impostas. Não se pode admitir que criminosos, armados de fuzis e organizados em verdadeiras estruturas de guerra, ditem as regras e submetam comunidades inteiras ao terror.
Vivemos uma luta insana e desigual: de um lado, o crime cada vez mais articulado e violento; de outro, policiais que, mesmo com recursos limitados, arriscam diariamente a própria vida em defesa da sociedade. São eles — junto da população honesta que vive o drama da violência — os que estão na ponta da linha, enfrentando de perto o medo e a insegurança. Essa realidade exige não apenas coragem individual, mas também respaldo institucional, reconhecimento profissional, condições dignas de trabalho e investimentos adequados em recursos humanos e materiais.
É igualmente urgente promover reformas legislativas que tornem nossas leis penais e processuais mais rigorosas e eficazes, de modo a garantir pelo menos, que criminosos violentos e/ou reincidentes sejam e permaneçam presos e que o sistema de justiça cumpra seu papel de proteger a sociedade. A impunidade alimenta a violência, e o Estado precisa reagir com inteligência e firmeza.
Além disso, o combate à criminalidade deve alcançar não apenas os autores diretos dos delitos, mas também seu patrimônio, estrangulando financeiramente o poder das facções e das organizações criminosas. O enfraquecimento econômico do crime é um dos caminhos mais eficazes para reduzir sua capacidade de corromper, aliciar e dominar territórios.
É importante também refletir sobre as críticas dirigidas às ações policiais. Embora o debate democrático seja saudável, é preciso compreender que os policiais são os primeiros garantidores da lei e da ordem, os que se expõem diariamente para que a sociedade possa viver em segurança. Criticar sem conhecer a realidade das ruas é ignorar o sacrifício de homens e mulheres que, com profissionalismo e senso de dever, enfrentam o que muitos sequer ousam imaginar.
Por fim, é fundamental que haja união e coordenação entre os Poderes da República e entre todas as forças de segurança, em torno de uma política de Estado — e não de governo — voltada à defesa da vida, da ordem e da lei. Somente com valorização de policiais, estrutura, respaldo jurídico, integração institucional e leis eficazes, será possível garantir a atuação plena das polícias e assegurar à sociedade o que ela mais deseja e merece: paz, justiça e segurança.

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