O valor do subsídios, que é o “salário”, dos vereadores sempre rende discussões acaloradas. E o consenso é que os membros do Legislativo ganham mais do que deveriam. Essa é a impressão da população não somente com relação à Câmara municipal, mas também sobre os deputados estaduais e federais.
Esse senso comum é baseado na percepção que muitos tem que o trabalho do Legislativo se limita à participação das sessões ordinárias, que em Vargem acontecem duas vezes por mês. Contribui ainda a essa percepção, o descrédito da classe política em geral no país, sempre envolvida em escândalos, embora é preciso ressaltar que nenhum vereador da cidade responda a qualquer processo relativo à corrupção.
Os problemas que afetam os moradores, como falta de empregos, demora no atendimento na Saúde, entre outros, sempre serão refletidos na imagem que se faz da classe política, afinal, se há problemas no município, as pessoas eleitas para resolvê-los, em tese, não estão fazendo um bom trabalho.
A falta de conhecimento sobre como funciona os poderes e suas relações e a dificuldade de entendimento sobre a gestão e execução de um orçamento municipal ajudam a aumentar a sensação de que o Legislativo e o Executivo pouco fazem.
Voltando ao trabalho dos vereadores, os membros da Câmara – com as devidas exceções – participam não apenas das ses~soes ordinárias, mas também das extraordinárias e das reuniões das comissões das quais participam, como a de legislação, a de finanças, a comissão de saúde e a de segurança.
Muitos vereadores ainda se empenham na busca por recursos para a cidade, se envolvem nas elaboração de políticas públicas, ajudam na busca por novas empresas para o município, encaminham problemas trazidos pela população, além do dever constitucional de fiscalizar o Executivo, entre outros.
Muitas vezes, os resultados dessa atuação não são positivos e quando há algum avanço, demora-se a aparecer para a população. Por outro lado, foi para isso que se candidataram e colocaram seus nomes a serviço do povo.
Mas, quando se vai analisar o quanto recebem por isso, o tal subsídio, esse argumentos se desmancham e entram os números frios. Em Vargem Grande do Sul, o valor do subsídio dos vereadores atualmente é de R$ 3.867,63 e o do presidente da Câmara, R$ 4.641,15. O valor para o cargo de prefeito é R$ 13.731,2 e o do vice-prefeito R$ 4.119,38.
Dados da Fundação Seade, do governo do Estado, mostram que o rendimento médio dos empregos formais na cidade é de R$ 2.139,11. Sendo que o PIB per capta é de R$ 1.928,36 ao mês. Ou seja, o que os R$ 3,8 mil que os vereadores ganham está muito acima do que a maioria dos vargengrandenses ganha após trabalhar todos os dias de um mês inteiro. Ao comparar com o valor pago ao prefeito, essa discrepância fica ainda mais dura.
O projeto apresentado na Câmara para reduzir o valor do subsídio dos vereadores para a próxima Legislatura é mais uma oportunidade de se discutir o quanto vale um vereador em Vargem Grande do Sul.
Além disso, não se pode esquecer de discutir o subsídio do prefeito e do vice. Afinal, o que o chefe do Executivo recebe é muito alto perto da realidade vargengrandense. No entanto, sua responsabilidade é tão grande quanto e o prefeito, ao contrário dos vereadores, dificilmente não pode exercer outras atividades.
O debate sobre este assunto deve ser livre de demagogia, visto que este ano haverá eleições municipais e o que não falta é gente querendo ficar com boa imagem perante o eleitorado, mas é preciso manter o bom senso e lembrar que é com o dinheiro público que estão lidando.