Araraquara, cidade distante 168 quilômetros de Vargem Grande do Sul, viveu dias de terror em fevereiro. O município foi um dos primeiros do Estado de São Paulo a entrar em colapso pela Covid-19, com 100% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de enfermaria completamente ocupados.
Para enfrentar a transmissão da doença, que avançava a passos largos, a prefeitura de Araraquara adotou um remédio bastante amargo: um lockdown bastante rígido a partir de 21 de fevereiro. Um mês depois de ter tomado essas medidas, Araraquara vê a quantidade de casos positivos e de mortes cair diariamente.
Houve protestos por parte da população e caixas eletrônicos de agências bancárias chegaram a ser depredadas por clientes que queriam sacar dinheiro. Em Araraquara, supermercados, postos de combustíveis e até mesmo o autoatendimento nos bancos foram proibidos de funcionar nos primeiros dias das restrições. Apenas hospitais, unidades e serviços de saúde, farmácias, coleta de lixo e cemitérios estavam em funcionamento. Supermercados podiam atender via delivery.
O resultado foi a queda da média móvel diária de novos casos de 189, registrado em 21 de fevereiro, para 80, no último dia 21 de março, uma redução de 58%. O número de internações caiu 21%, passando de 218, no dia do início das restrições, para 172. Em relação ao pico da pandemia, no dia 26 de fevereiro, quando 248 moradores foram internados, a queda foi de 31%.
Os óbitos entre 15 e 21 de março foram 25. Em relação à pior semana em Araraquara, entre 1 e 7 de março, quando foram registradas 41 mortes, a queda é de 39%.
“Para nós funcionou [o lockdown], e continua funcionando porque estamos com medidas restritivas. É um remédio amargo, mas necessário. Não dá nem para comparar os cenários de antes e agora. Tínhamos por dia quase 200 pessoas sendo positivadas, agora são 80. Quando positiva 200, significa que 20% delas, ou 40, vão precisar de leitos em dez ou 11 dias, e metade vai para a UTI. Com 80, penso em 16 internando e oito precisando de UTI, o que dá fôlego para o sistema hospitalar”, disse a secretária da Saúde de Araraquara, Eliana Honain, à Folha de São Paulo.
Vargem Grande do Sul
Em live transmitida na quarta-feira, dia 24, o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) fez mais um apelo à população para que fique em casa e siga os protocolos de Saúde. “Tenhamos todos consciência, porque o atual momento é grave”, afirmou.
Entre as medidas tomadas esta semana, estão a suspensão do transporte coletivo feito pela circular que será suspensa aos domingos, assim como a feira livre. Todas as ações são para evitar a aglomeração e circulação de pessoas pela cidade.
“Se for necessário tomar medidas mais duras, nós vamos tomar”, afirmou o prefeito. “Fazemos com o coração sangrando. Eu quero que a história me julgue pelas minhas ações, jamais pelas omissões. Eu erro, mas agindo. Até porque quem se omite, já errou”, disse.