Há 40 anos, Vargem participava da luta pelas Diretas Já

Corria o ano de 1984 e a Gazeta de Vargem Grande no seu terceiro ano de existência já se alinhava aos principais órgãos de imprensa do Brasil, lutando pela realização de eleições diretas no país, juntando coro à população brasileira que queria eleger o presidente da República através do voto, poder usurpado do povo pela ditadura de 1964.
A emenda do deputado Dante de Oliveira estava para ser votada no Congresso Brasileiro propondo a volta das eleições diretas, após vinte anos sem poder escolher pelo voto direto e secreto o presidente da República, que era imposto pelos generais que tomaram o poder no golpe militar de 1964.
Em Vargem Grande do Sul, os políticos do antigo MDB, agora no PMDB, também lutavam pelas Diretas Já junto à Comissão Suprapartidária criada na ocasião para organizar o evento que contava também com político do PDT e do PT local.
Segundo Tadeu Fernando Ligabue, presidente do PMDB e um dos coordenadores do comício que seria realizado na Praça Capitão João Pinto Fontão, no domingo, 19 de fevereiro de 1984, vários deputados estavam convidados para o evento e era esperado milhares de pessoas no ato em prol das eleições diretas.
Chegou o grande dia e de fato, milhares de pessoas, cerca de três mil, segundo cálculos feitos na época, participaram do ato que reuniu lideranças políticas da cidade, como o prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio (PMDB), Luis Antonio Ribeiro Cavalheiro, Celso Ribeiro, José Acácio Mesquita (vice-prefeito), dr. Antônio Carlos Ranzani, Luiz Alberto dos Santos, Antônio Celso Cipola e também vereadores como Dante Braghetto, dentre outros.
O comício teve a presença dos deputados federais João Cunha, Airton Sandoval e Márcio Santilli, do ex-deputado estadual Nelson Nicolau, prefeitos e demais autoridades da região. O ato em prol das Diretas Já em Vargem Grande do Sul ficou marcado na história do município como um dos maiores comícios da história da cidade e terminou por volta das 23hs, com os políticos presentes empunhando a bandeira do Brasil e cantando o Hino Nacional junto com o povo na praça da Matriz.
Pouco tempo depois, em São Paulo, sob a liderança do então governador do PMDB, Franco Montoro e demais lideranças de partidos do centro como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e da esquerda como Leonel Brizola, Miguel Arraes e Lula do PT, conduziram a maior mobilização popular que o Brasil assistiu, com centenas de milhares de pessoas se reunindo no Vale do Anhangabaú no dia 16 de abril de 1984 pedindo Diretas Já.
A emenda de Dante de Oliveira não passou por pouco no Congresso, faltaram 22 votos, mas a mobilização em prol das Diretas Já frutificou e em 15 de janeiro de 1985, quase um ano depois do movimento Diretas Já, o ex-governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, numa eleição indireta, foi eleito primeiro presidente civil depois de 20 anos da ditadura militar. Não chegou a tomar posse, morreu logo em seguida, sendo que assumiu a presidência o vice José Sarney.
Em 1989, foi realizada a primeira eleição direta para presidente do Brasil, sendo eleito Fernando Collor de Mello, escolhido democraticamente pelo povo brasileiro. Desde então, vários presidentes foram eleitos no Brasil.
Uma luta que demonstrou o quanto a sociedade brasileira queria a volta da democracia no Brasil. Só recentemente, com Jair Bolsonaro (PL) na presidência da República, foi aventada a possibilidade de ruptura com o processo democrático, buscando o presidente e pessoas à sua volta, pelo que está apurando a Justiça brasileira, interromper o processo, não dando posse ao presidente Lula (PT), eleito democraticamente pelas urnas nas eleições presidenciais de 2022.

Fotos: Arquivo Gazeta

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