Festa das Nações: Emoção que se renova

Márcia Iared – Diretora do Departamento de Cultura e Turismo

Me lembro quando pela primeira vez anunciei a Festa das Nações e as pessoas mais simples, com filhos estudantes me perguntavam na rua o que seria uma “FESTA DAS NAÇÕES?”. Esta possibilidade se abriu por que, nas escolas da cidade, vários professores e diretores haviam frequentado o curso de Magistério do “Alexandre Fleming” e participado do tradicional “CHÁ CULTURAL”, que por vinte anos levou o público da SBB, sede escolhida para a realização do evento, para a vivência da cultura de vários países.
A direção da escola, professores de artes, funcionários voluntários se dedicavam a preparar a decoração do clube e o curso de Magistério se dedicava a todas as apresentações culturais, ao cuidado com a trilha sonora, à definição do guarda roupa típico e aos infindáveis ensaios, que tornavam aquelas tardes memoráveis tão emocionantes. Desde a pesquisa dos pratos típicos a serem apresentados, do esforço da Associação de Pais e Mestres na sua viabilização e da compreensão da SBB, espaço mais importante para tal evento, alunos, professores e voluntários se irmanavam para apresentar o melhor de cada país. Hoje ainda não conseguimos explicar como aquilo acontecia, a não ser, pela entrega total de todos os grupos participantes que incansavelmente se preparavam para o grande dia. Apurar talentos era o objetivo maior, além de vivenciar o melhor da cultura dos diferentes países.
Para cada habilidade exigida, íamos descobrindo na escola e na comunidade talentos que poderiam qualificar o evento. Assim foi por exemplo com a experiência coreográfica da Cris Sbardelini ,com a dedicação de Juliana Dias e outras alunas que se transformavam em dançarinas típicas de cada país, com as castanholas de Isa Ranzani, com as vozes de Wanderley Ribeiro, Juninho, Robertinha, Luciana Angeli, Cuca Castroviejo, Maria Helena Multini, Valderis, Cristina e Cássia Zan, Zezé Pereira, e entre outros que os anos foram revelando.


O desafio era grande e a ousadia também, numa época em que não havia o Google ou vídeos, como hoje. Sem os materiais coreográficos, muitas vezes era necessário que viagens fossem realizadas, assim como aconteceram para Curitiba, no Chá da Itália, Rio de Janeiro atrás de dança havaiana na praia de Copacabana ou no Ibirapuera na Feira dos Imigrantes, e até mesmo em uma igreja Ortodoxa no Pari, para pegar textos em grego para o Chá da Grécia. Completado o ciclo de 20 anos, já aposentada e convidada para assumir a Cultura Municipal, surge um novo desafio, apresentar na rua a Festa das Nações e levar a Cultura de maneira democrática, com a participação de todas as escolas de todos os bairros.
A princípio, alguns professores chegaram a se preocupar em levar jovens dançarinas com roupa típica em apresentação de rua, mas, o grande público que na sua maioria nunca tinha tido oportunidade de assistir gratuitamente a tais espetáculos, sempre agiu com respeito e aplausos.
Assim, surge um novo formato deste evento, a “Festa das Nações”, que veio para ficar por mais 22 anos, tendo eu o orgulho em dizer que é um momento cultural abraçado pela maioria da população que cada vez revela mais talentos na dança e na música.
Eu diria que 40 anos é muito tempo, mas, é um tempo que confirma e me mostra que cada vez que respiro fundo para subir ao palco e lá me postar por mais de três horas de pé, frente a tão grande público, me empolgo e me emociono novamente. Dores nos pés, sede e cansaços são esquecidos, pois sei que cada criança, adulto e jovem que naquele palco sobe e olha ansioso para aquelas luzes e o imenso público, até onde a vista alcança, se entrega em cada apresentação, procurando sempre dar o melhor de si.
Com certeza nunca ninguém sairá do palco a mesma pessoa, diante de pais, amigos e mais de mil olhares mirando seu desempenho. Tenho certeza que nossos artistas, adultos ou mirins, nunca se esquecerão da emoção de estar ali, pois este sentimento mesmo não sendo algo novo, acontecerá em todas as vezes, com as mesmas tentativas de fazer o melhor , momentos estes sempre coroados com aplausos e aprovação do público, reafirmam sempre que assistir aos nossos artistas pode nos emocionar até mais.
Cada coraçãozinho que bate, cada olhar para localizar familiares ansiosos na plateia, a ansiedade para que a música comece são emoções inesquecíveis e desafios importantes, especialmente no desenvolvimento da criança, e no enfrentamento de situações desafiadoras, que por certo haverão de influir na tão importante segurança, em muitas situações futuras
Por isto, estar no palco é algo novo e motivador em todas as vezes que acontece, não só para o grande elenco, mas também, para quem o comanda.
-Música, Luzes, Ação!!!

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