Uma etapa a ser construída com o diálogo
É elogiável a atuação e desempenho do atual interventor do Hospital de Caridade, José Geraldo Ramazotti e sua equipe na administração da entidade. Mas, a situação que vive o Hospital por não ter uma Mesa Diretora e demais componentes de direção devidamente eleita, seguindo o que determina o seu estatuto e levando à intervenção da prefeitura municipal, pode vir a acarretar sérios danos à principal instituição de Saúde do município.
Neste cenário em que o sistema público de saúde enfrenta desafios permanentes, desde a limitação de recursos até a crescente demanda da população, a possibilidade da sociedade civil vargengrandense voltar a participar da direção do hospital é auspiciosa e deve ser vista como uma saída para o momento em que vive a instituição, desde que seja fortalecido o compromisso social da instituição, com a gestão passando a refletir os valores comunitários e o foco principal se mantendo onde realmente deve estar: na população que mais precisa.
Desde que a Loja Maçônica Renascença II deixou de participar da direção do Hospital de Caridade depois de décadas dedicadas à administração da entidade, é alvissareiro saber que um grupo de pessoas composto dos mais diversos segmentos do município, estuda voltar a gerir o Hospital.
Sempre é bom lembrar que o Hospital de Caridade é, acima de tudo, uma porta aberta aos mais vulneráveis. É lá que chegam pessoas que não têm convênio médico, que não possuem recursos para buscar tratamento particular, que dependem do atendimento humanizado, gratuito e digno oferecido pelo SUS. Por isso, toda decisão administrativa deve priorizar a garantia de acesso, qualidade e acolhimento àqueles que mais necessitam. Proteger o SUS dentro do Hospital é proteger a população mais carente.
Conforme matéria publicada nesta edição, a participação civil pode ser tornar realidade, necessitando de amplo entendimento e diálogo entre os interessados e o poder público municipal, que atualmente tem papel relevante na administração do nosocômio. Essa participação certamente amplia a transparência, fortalece a fiscalização dos gastos públicos e estimula a responsabilidade compartilhada.
Fortalece também a mobilização em prol de doações, campanhas beneficentes e ações voluntárias, fazendo com que o Hospital continue sendo sustentado não apenas por verbas, mas pelo afeto e solidariedade da comunidade, como tão bem tem desempenhado este papel o atual interventor Ramazotti e sua equipe. O Hospital de Caridade não é obra de um governo ou de um gestor isolado — ele é patrimônio coletivo. Com mais de 100 anos de fundação, foi construído por gerações de esforço comunitário.













