Vargem tem cerca de 10 sindicatos atuantes

Reportagem da Gazeta de Vargem Grande em 1990 noticia greve de trabalhadores da Dedini. Foto: Reprodução Gazeta

Neste sábado, 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalho, o jornal Gazeta de Vargem Grande traz aos leitores uma matéria abordando o papel dos sindicatos que atuam no município e têm importante influência nas reivindicações por melhores condições trabalhistas, direitos e benefícios que a lei proporciona aos trabalhadores vargengrandenses.
A reportagem procura contar um pouco a situação em que se encontram alguns dos principais sindicatos que atuam junto às suas categorias, entrevistas com seus presidentes e de como eles veem a situação trabalhista atualmente no país.
Com a reforma trabalhista ocorrida em 2017, que revogou a obrigatoriedade do sindicato revisar a rescisão dos trabalhadores e retirou a obrigatoriedade da contribuição sindical, também denominada imposto sindical, que agora só pode ser exigida mediante autorização prévia, voluntária, individual e expressamente autorizada pelo empregado, houve uma diminuição enorme no número de sindicatos e também de suas subsedes.
Em Vargem Grande do Sul os reflexos também foram sentidos com a principal retirada da fonte econômica dos sindicatos, sendo desativadas algumas subsedes, como a dos comerciários, dos condutores de veículos e dos trabalhadores nas indústrias químicas, que passaram a ser representadas pelas suas sedes localizadas em municípios vizinhos.
Pela pesquisa realizada pela reportagem do jornal foram localizados os seguintes sindicatos ou subsedes mais atuantes em Vargem Grande do Sul: Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SSPM); Sindicato dos Empregados do Comércio de São João da Boa Vista e Região (Sincomerciário); Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas, Material Plástico, Fabricação de Álcool, Perfumarias e Artigos de Toucador, Tintas e Vernizes, Abrasivos, Resinas Sintéticas, Adubos e Corretivos Agrícolas de Araras e Região; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São João da Boa Vista e Região; Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vargem Grande do Sul; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção do Mobiliário e das Cerâmicas de Tambaú e Região; Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), subsede de São João da Boa Vista e Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Mococa e Região.
Na cidade também atuam sindicatos da categoria dos bancários, dos trabalhadores da saúde, como enfermeiros e outras classes representativas dos trabalhadores vargengrandenses.

Surgimento do sindicalismo
A partir do século XVIII quando ocorreu a Revolução Industrial na Europa, com péssimas condições de vida e trabalho às quais eram submetidos os trabalhadores da época, com a sociedade se dividindo entre a burguesia e o proletariado, os interesses da classe trabalhadora levam ao surgimento dos primeiros sindicatos.
A Inglaterra foi uma das primeiras nações a aprovar em 1824 uma lei permitindo aos operários a livre associação, que culminou com negociações em nome de conjuntos de trabalhadores que passaram a ter melhores remunerações salariais, criação de fundos de ajuda, dentre outras conquistas.
No Brasil a ideia dos sindicatos veio através dos imigrantes europeus que para cá aportaram em substituição à mão de obra escrava. Criados na metade do século XIX para representar os interesses dos trabalhadores frente ao capital e as precárias condições de trabalho e remuneração a que eram submetidos os trabalhadores brasileiros, o sindicato ganhou destaque logo após a Primeira Guerra Mundial com a criação da Organização Internacional do Trabalho-OIT e voz com a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, quando a Organização das Nações Unidas (ONU), reconheceu o direito fundamental de toda pessoa ter o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
Na Era Vargas o sindicalismo no Brasil tomou os contornos que vigoraram até recentemente, com a presença do Estado e as limitações impostas aos operários na sua livre associação, principalmente após a ditadura de 1964, quando aumenta o controle do Estado sobre a vida dos sindicatos.
Na década de 70 o sindicalismo foi inserido na luta política, com a criação da CUT e a luta pelas Diretas Já e a redemocratização do Brasil, com a volta das eleições gerais. Ganhou destaque nacional e também fora do Brasil, a luta empreendida pelos trabalhadores brasileiros.
Com a promulgação da Constituição de 1988, com a redemocratização do País, o sindicalismo no Brasil obteve mais liberdade, pois foram retiradas regras como a necessidade de autorização do Ministério do Trabalho para a criação de novos sindicatos e possibilitou a sindicalização dos servidores públicos. Mas ainda ficou atrelado às suas origens da ditadura Vargas, como o imposto obrigatório e a unicidade sindical, o que possibilitou a expansão sem limites de sindicatos interessados tão somente em angariar o dinheiro que era descontado obrigatoriamente dos trabalhadores, o que foi retirado com a reforma trabalhista de 2017.

O sindicalismo em Vargem Grande do Sul
Um dos atos que mais simbolizam a atuação sindical, é a greve. Em Vargem, poucos são os momentos na história trabalhista local em que algumas categorias entraram em greve reivindicando melhores salários ou condições de trabalho.
Uma das greves mais antigas que o redator do jornal, Tadeu Fernando Ligabue tem remota lembrança, foi na década de 60, quando as funcionárias da antiga Tecelagem Santa Catarina entraram em greve. Ainda menino, morador da Vila Polar, Tadeu recorda do movimento que acontecia numa das principais indústrias da cidade na época, localizada na baixada do Rio Verde, entre as ruas Patrocínio Rodrigues e a Avenida Brasil, onde até hoje existe o prédio da antiga empresa de tecelagem que empregava centenas de operárias na sua época áurea.
Os anos 60 do século passado foram de grande turbulência política no Brasil, com o governo de João Goulart sendo derrubado em 1964 e se instalando no país a ditadura militar que permaneceu até março de 1985, com a eleição de Tancredo Neves para presidente.

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