Saúde enfrenta dificuldades para a contratação de médicos

A diretora do Departamento de Saúde, Maria Helena Zan. Foto: Prefeitura Municipal

Um dos pilares da saúde pública municipal e também do Hospital de Caridade, é a atuação dos médicos em suas várias especialidades e nos dias atuais, a contratação destes profissionais tem se tornado uma das grandes dificuldades para prestar o serviço adequado à população vargengrandense.
São dezenas de médicos atuando no município, com a saúde municipal tendo médicos contratados através de concurso público para atuar nos postinhos de saúde, como também os médicos fornecidos pela empresa que a prefeitura municipal contratou através de licitação para que estes profissionais atuem nas várias repartições da saúde municipal. Também trabalham na rede municipal de saúde, os médicos do programa Mais Médicos do governo federal no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Já o Hospital de Caridade contrata os médicos para atuarem durante todos os dias e também nos plantões de fim de semana.
Além de não achar médicos que atuem no município nas várias especialidades que o Hospital requer, como por exemplo cardiologistas, uma vez que os dois profissionais que atuam nesta área em Vargem Grande do Sul estão atendendo somente consultas particulares e deixaram de dar plantões no Hospital, outro grande problema que a entidade enfrenta é com relação aos custos destes profissionais, que elevam consideravelmente os gastos do Hospital, que luta com enorme dificuldade dado à falta de recursos.
Pelo que apurou a reportagem do jornal Gazeta de Vargem Grande nesta terceira matéria que enfoca a saúde no município, todo dia tem de ter um médico de plantão 24 horas no Hospital de Caridade, além dos plantões à distância 24 horas de um clínico cirúrgico, cardiologista e ortopedista.
Além destes profissionais, a entidade ainda tem o plantão da maternidade, que é o ginecologista, o pediatra e também o anestesista. Também é exigido mais dois médicos auxiliares, um de plantão para a maternidade e tem o anestesista de plantão.
O jornal apurou que em Vargem trabalham dois ortopedistas, sendo um residente no município e outro de fora. Também o cardiologista que atende o Hospital é de São João da Boa Vista. Com a falta de médicos na cidade, vem vários profissionais das cidades da região dar os plantões, sendo feito uma escala mensal das especialidades. Para manter estes especialistas em plantões, o custo é alto, gastando o Hospital R$ 12 mil por dia e em torno de R$ 360 mil por mês.
Médicos com clínica geral e que residem no município são vários, mas a dificuldade está em encontrar médicos com especialização. Geralmente os jovens médicos se formam hoje e vão trabalhar nos postinhos de saúde como clínico geral. O jornal tomou conhecimento que os médicos com especializações ganham mais nos grandes centros, onde é maior a oferta e a procura, sendo que muitos hospitais particulares conseguem pagar mais aos profissionais que as entidades filantrópicas, como é o caso do Hospital de Caridade de Vargem Grande do Sul.
Atualmente, o que mais falta no município são médicos que atuam na área de cardiologia, pediatria, obstetrícia, além de anestesistas, urologistas e colo proctologistas. A falta destes médicos gera uma crise na saúde do município, com a prefeitura municipal e o hospital sofrendo para contratá-los e isso reflete no atendimento à população vargengrandense.
Dado a falta de médicos na cidade, uma parcela da população acaba sendo atraída para São João da Boa Vista em busca de atendimento médico, além de outros centros, sendo que estas cidades acabam ganhando, pois muita gente aproveita para além das consultas, fazerem compras no comércio destas cidades, movimentando a economia e gerando mais empregos nestes municípios.

Mais de 30 médicos atuam na rede
Muitas são as reclamações com relação ao atendimento à saúde dos vargengrandenses, mas a evolução que houve no setor nas últimas décadas, são significativas. Quem é bem mais velho, ainda deve se recordar do antigo posto de puericultura, que funcionava onde hoje é o SASP, na esquina da Rua Major Antônio de Oliveira Fontão, no Centro, com o então dedicado dr. Romeu Furlaneto atendendo as mães aflitas e também as muitas crianças doentes do município. Ainda lá atrás, do ex-prefeito Dr. Gabriel Mesquita, atendendo a população mais necessitada muitas vezes de graça e depois sendo eleito três vezes prefeito de Vargem Grande do Sul.
Das filas que se faziam junto ao INAMPS para se conseguir uma consulta médica, com as pessoas madrugando no local. E isso somente para os que contribuíam com a previdência social, que tinham carteira de trabalho, os demais vargengrandenses que também não podiam pagar uma consulta médica, eram considerados indigentes e atendidos pelos serviços filantrópicos ou da prefeitura municipal, quando tinha. Isso até a criação do SUS pela constituição de 1988, quando a saúde passou a ser um direito de todos.
Os serviços foram evoluindo em Vargem Grande do Sul, com o prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio criando o Posto de Pronto Atendimento (PPA), que depois ganhou prédio próprio na gestão de José Carlos Rossi. O prefeito Homero Correa Leite, criando postinhos onde seu filho dr. Homerinho dava atendimento à população e o Hospital de Caridade sempre dando a retaguarda, atendendo a todos, inclusive quem não podia pagar.
Poucos eram os consultórios médicos particulares da cidade, atendendo principalmente quem podia pagar uma consulta e as especialidades praticamente não haviam, sendo a sua maioria clínico geral de excelente formação. Mas, nos casos graves, médicos como dr. Lauro Corsi, dr. Arcelino Anadão, dr. Gabrioli, dr. Ítalo Stoppa, dr. Gláucio Marini de Andrade, dr. Renato Jonas Milan, só para mencionar alguns dos mais antigos, já falecidos, acabavam por atender quem precisava e depois ia-se pensar na questão financeira.
Hoje a situação mudou completamente. Uma pesquisa da Gazeta de Vargem Grande contou cerca de trinta médicos trabalhando junto às onze Unidades de Saúde (ESF), além de médicos no Centro de Saúde Dr. Gabriel Mesquita, no SASP, CAPS, no PPA, no CAM e no Centro de Especialidades Médicas.
Na entrevista que concedeu ao jornal Gazeta de Vargem Grande, a diretora de Saúde Maria Helena Zan falou sobre a atuação da equipe médica mantida pela prefeitura municipal. São onze postinhos ESF, onde funciona as Equipes de Saúde da Família, com os agentes comunitários e somente na ESF XII dr. Renato Jonas Milan, localizada no Centro, segundo a diretora no dia da entrevista, não tinha médico concursado ou do Mais Médicos, mas que estava sendo providenciado até o final do mês, sendo um profissional do programa Mais Médicos.
Citou que no Jd. São José, ESF II, dr. Fausto Ferraz, trabalhavam dois médicos efetivos e no Jd. Dolores, na ESF I, dr. Natalino Lopes Aliende, uma médica. Disse que mais dois clínicos gerais concursados atuam no postinho do Jd. Paulista, uma ESF III, dr. Arcelino Anadão, trabalhando quatro horas. Também uma médica concursada, clínica geral, trabalha quatro horas na Vila Polar, na ESF X dr. Edward Gabriolli.
Também médicos do programa Mais Médicos para o Brasil, custeados pelo governo federal com contrapartida da prefeitura, trabalhando oito horas, prestam serviços, sendo que dois deles atendem na Vila Polar, nas ESF X e ESF XI dr. Edward Gabriolli. Outros dois na Vila Sta. Terezinha/Santana, nas ESF XIII e XIV, dr. Nabil Zarif e um médico no Jd. Iracema, na ESF IX, dr. Lauro Corsi. Outro médico do programa trabalha no Jd. Sta. Marta, na ESF IV Benedito Martins, além de um outro no Jd. Sto. Expedito, na ESF VI, dr. Valério Sebastião Fernandes.

Pediatras nos ESFs
Um dos especialistas mais procurados na rede e também difíceis de serem contratados, são os pediatras que cuidam das crianças. A diretora Maria Helena explicou que uma pediatra concursada atua na Vila Polar, na ESF dr. Edward Gabriolli; outro médico concursado trabalha na ESF dr. Nabil Zarif da Vila Sta. Terezinha/Santana; uma pediatra concursada no Jd. Sta. Marta, ESF IV Benedito Martins e no ESF do Jd. Dolores, dr. Natalino Lopes Aliende, deve iniciar ainda este mês, substituindo a anterior. Ainda presta serviço na rede municipal de saúde, uma pediatra no Jd. Paulista, na ESF III, dr. Arcelino Anadão e outra no Jd. Sto. Expedito, na ESF VI, dr. Valério Sebastião Fernandes. Os concursados prestam 15 horas de trabalho semanais.
Também explicou a diretora de Saúde que uma pediatra atende através da empresa contratada pela prefeitura municipal, uma vez por semana nos postinhos do Jd. São José, ESF II, dr. Fausto Ferraz; Jd. Iracema, ESF IX, dr. Lauro Corsi e no Centro, ESF XII, dr. Renato Jonas Milan, com uma média de 20 consultas semanais ou conforme a demanda.

Especialidades médicas
Poucas prefeituras municipais na região oferecem especialidades médicas, como a saúde municipal de Vargem Grande do Sul. A diretora Maria Helena Zan listou que atendem no Centro de Especialidades Médicas (CEM) Itamar Della Nina Cerva, na antiga UPA, localizado na Avenida Expressa Antônio Bolonha nº 550, trabalhando 15 horas por semana, vários médicos concursados, sendo um geriatra, dois dermatologistas, um neuropediatra, um ortopedista, um cardiologista e um vascular.
Explicou que por se tratar de especialistas, o atendimento vai de duas a quatro consultas por hora, dividindo estas 15 horas nos seis dias da semana.
Pela empresa que presta serviços à prefeitura municipal, trabalham no CEM um cardiologista, um ortopedista, um clínico geral, um pediatra, um urologista, um reumatologista, um especializado em pequenas cirurgias e um que faz avaliação cardiológica.
Com relação à saúde mental, a diretora explicou que atendem no SASP e no CAPS dois médicos concursados e dois médicos da empresa. Também trabalha uma equipe multidisciplinar constituída de sete psicólogos, uma assistente social, um terapeuta ocupacional, uma fonoaudióloga, enfermeira e técnicos em enfermagem.
No CAM, que é o Centro de Atendimento à Mulher, denominado Ordália Duzi Moraes, trabalham uma ginecologista/obstetra, concursada e dois médicos ginecologistas contratados pela empresa.
Outro aparato importante na rede municipal de saúde, é o Posto de Pronto Atendimento (PPA) Alfeu Rodrigues do Patrocínio, que funciona 24 horas por dia para casos de urgência e emergência, atualmente atendendo ao lado do CAM, pois o prédio original está em reforma e deve ficar pronto no início do ano, com plantão diurno das 7h às 19hs, com dois médicos clínicos e um pediatra, sendo que em dois dias da semana conta com um terceiro médico clínico geral.
Ainda será enfoque nas próximas edições da matéria sobre a saúde municipal que a Gazeta de Vargem Grande está editando, o trabalho realizado na área de odontologia e os veículos colocados à disposição da população para transporte dos doentes.

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